Sábado, logo após a fácil vitória sobre o Qatar (3 a 0), o treinador Renan Dal Zotto disse que a República Tcheca, adversária da seleção brasileira masculina de vôlei nesse domingo, tinha talento, era alto e sabia jogar. Pouco depois, na partida contra a Itália (uma das favoritas às vagas do pré-olímpico do Rio de Janeiro), os tchecos ganharam o primeiro set (perderam por 3 a 1, no fim das contas) e provaram que vieram ao Maracanãzinho para buscar a vaga, também. Só que ninguém esperava que a República Tcheca fosse criar tantos problemas para o Brasil. Felizmente vencemos por 3 sets a 2 (22/25, 25/16, 25/20, 21/25 e 16/14) e mantivemos os 100% de aproveitamento. Ufa!
Como acontecera na véspera, a República Tcheca ganhou o primeiro set. Com a entrada de Darlan no time, porém, o Brasil detonou os dois sets seguintes e todos no Maracanãzinho pensavam que os tchecos iriam apenas dar um sustinho, como acontecera contra a Itália. Não foi assim, porém. No quarto set a seleção europeia dominou totalmente a partida. Estranhamente nosso levantador Bruninho esqueceu de acionar Darlan e Lucarelli. Fomos, então, para o tiebreaker e o que seria sustinho virou desespero. Os tchecos fizeram 2/0, 5/2… Chegaram a 13/9 e com Renan sem poder parar a partida. Ficou complicado, muito complicado, só que Bruninho redescobriu Darlan e Lucarelli.
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Com a galera incendiando o ginásio, a pressão subiu – eram mais de nove mil pessoas no Maracanãzinho. Darlan no saque abria buracos na quadra tcheca. E o Brasil foi chegando. Com 14 a 14, o time europeu parou. O Brasil, não. E detonou o jogo com 3 sets a 2, depois de 2h21 de intensa emoção onde foram fundamentais o jovem Darlan, com seus 23 pontos (que atuou pela primeira vez ao lado do irmão Alan; eles são da Baixada Fluminense) e a torcida. Agora, folga para todos. Terça-feira a seleção brasileira volta à quadra, contra a Alemanha, sabendo que sustos fazem parte do esporte, mas é preciso estar atento o tempo todo se quiser chegar até Paris, em 2024.
“Esse ambiente foi tudo. A torcida chegou junto, a gente chamava e ela vinha com a gente. Foi a segunda vez que joguei aqui e posso dizer que foi o jogo da minha vida. Não esperava entrar, mas valeu. Espero que seja assim daqui para a frente”, festejou Darlan, o nome da partida, que só participa do pré-olímpico porque Roque pediu dispensa por problemas particulares. Muito jovem, Darlan é uma espécie de xodó dos mais experientes da equipe. No tiebreaker, quando os tchecos chegaram a 13 a 9 e Darlan iniciou a virada (principalmente no saque), Lucarelli aproximou-se do novato, que vibrava demais e falou para que ele mantivesse o “foco”, apontando para a cabeça. Deu certo, e o Brasil acabou fechando por 16 a 14.