Um roteiro cumprido à risca, sem riscos.
Assim pode ser definida a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo feminina de futebol. A goleada sobre o Panamá, por 4 a 0 (três gols de Ary Borges, um de Bia Zaneratto) serviu apenas para provar a fragilidade do estreante time panamenho. A vitória foi boa? Sem dúvida, mas será preciso muito cuidado para o próximo jogo, contra a França, que empatou com a Jamaica no seu primeiro jogo e certamente vai vir com tudo para cima do Brasil.
Qualquer avaliação sobre a atuação do Brasil fica prejudicada pela análise comparada com o time do Panamá. As jogadoras da equipe da América Central estavam com os nervos à flor da pele, o que se podia verificar desde antes a bola rolar com o choro quase convulsivo durante a execução do hino nacional do país. O Brasil, que não tem nada com isso, foi lá e fez a sua parte: goleou, com direito a hat trick (três gols no mesmo jogo) de Ary Borges.
Talvez se possa destacar a grande atuação de Tamires, incansável no apoio e nos cruzamentos perfeitos; o faro de gol de Ary Borges (e sua capacidade de jogar coletivamente) e, claro, sempre, o fato de Marta ter jogado, mesmo começando no banco de reservas, marcando assim sua sexta participação em Copas do Mundo. A rainha está on, diriam os mais jovens – resta agora esperar que deixe sua marca com ao menos um gol ao longo da competição.
Apesar de as estatísticas da Fifa apontarem cerca de 57% de posse de bola no primeiro tempo para o Brasil, a impressão foi de muito, muito mais. Tanto que virar os primeiros 45 minutos com 2 a 0 (Ary Borges, aos 19 e aos 39 minutos) foi muito pouco – o Panamá chutou uma vez contra o gol brasileiro. E o início do segundo tempo pareceu ser aquilo que esperamos: logo aos três minutos Bia Zaneratto fez um golaço, não pela conclusão, apenas, mas por toda a jogada, incluindo um passe de calcanhar de Ary Borges, dentro da pequena área.
Cinco minutos depois do terceiro gol de Ary Borges, aos 25 do segundo tempo, entrou Marta, para delírio dos torcedores que lotaram o acanhado estádio de Adelaide e apresentaram camisas e bandeiras de clubes brasileiros aos locais. A rainha está visivelmente sem ritmo de jogo, mas certamente será muito importante na campanha no Mundial, como se pôde observar antes do apito inicial, quando amparou as novatas “avisando” que era apenas uma partida de futebol de Copa do Mundo…
Vicente Dattoli