Brasil derruba França nos pênaltis e revela novo gigante da marca da cal

Pênaltis consagram talento emergente em jogo de alta tensão
DOHA, Catar — O Mundial Sub-17 ganhou um capítulo digno das velhas histórias contadas nos bares, nas mesas de boteco e nas resenhas de arquibancada. O Brasil derrubou a França nas oitavas após empate por 1 a 1 no tempo normal e uma disputa de pênaltis elétrica. O drama coroou dois personagens: João Pedro, o novo pegador de pênaltis da Seleção, e Ruan Pablo, que saiu do inferno ao céu em poucos minutos.
A classificação veio com suor, com nervos e com aquela aura que sempre embalou as grandes jornadas brasileiras em mata-mata. Dessa vez, porém, o herói veste luvas e encara a marca da cal com a calma de quem guarda um segredo ancestral.
João Pedro: o goleiro que transformou a marca da cal em território brasileiro
A disputa de pênaltis contra a França reforçou o que o Brasil já tinha visto na classificação diante do Paraguai: João Pedro não treme. Ele brilhou novamente, defendeu cobranças, intimidou adversários e segurou o país nas mãos como se tivesse feito isso por trinta anos.
O Sub-17 é um laboratório de futuros, mas alguns fenômenos fogem da média. João Pedro já é um deles. Ele defendeu três pênaltis contra o Paraguai. Agora voltou a decidir com reflexos, leitura e frieza. A cada pegada, cresceu. A cada cobrança, impôs respeito.
E não tem como fugir da comparação respeitosa com Cláudio Taffarel, guardião das grandes noites brasileiras. Taffarel escreveu páginas eternas em 1994 e 1998, transformando pênaltis em arte e nervosismo em rotina. Ele virou referência mundial por técnica, por serenidade e por decidir quando ninguém podia errar.
João Pedro ainda está no início. Mas o Brasil reconhece o cheiro do destino quando ele aparece. E, hoje, o cheiro veio com luvas.
Ruan Pablo: de vilão da trave à voz da redenção
O enredo ganhou drama quando Ruan Pablo desperdiçou um pênalti no fim do segundo tempo. O chute explodiu na trave. A torcida sentiu o baque. Ele sentiu mais. Parecia roteiro de dor.
Mas o futebol adora testar caráter.
Na disputa final, o mesmo garoto caminhou até a marca da cal. A mesma distância. A mesma pressão. Agora com o peso do erro. Ele bateu. Converteu. E renasceu.
A cena virou símbolo da noite: a Seleção abraçou o menino que se recusou a ser definido por um tropeço.
Como o Brasil reagiu no jogo
A França largou na frente, aproveitou rebote e abriu vantagem com Rémi Himbert. O Brasil demorou a se encontrar, mas virou o duelo emocional na reta final. O empate de Pietro Tavares, já nos minutos derradeiros, reacendeu o time e empurrou o mata-mata para os pênaltis.
A Seleção cresceu em intensidade, ganhou duelo físico e carregou o jogo para o ponto onde seu goleiro se agiganta.
O retrato da classificação
A imagem final resume a noite:
— João Pedro levantado pelos colegas como muralha renascida.
— Ruan Pablo chorando aliviado.
— A França perplexa diante de João Pedro, o novo pegador brasileiro.
— O Brasil vivo, competitivo, intenso e com uma estrela surgindo pelo caminho natural — o da pressão.
As quartas chegam com a Seleção fortalecida, mais madura e com um goleiro que, se continuar nesse ritmo, vai carregar a mística brasileira da marca da cal para a próxima geração.
Disputa de pênaltis —
Penais do Brasil
Pietro — converteu
Lucas Camilo — converteu
Estevão — converteu
Ruan Pablo — converteu
Vitor Reis — converteu
Penais da França
Himbert — converteu
Sylla — perdeu (defesa de João Pedro)
Dembélé — converteu
Bakayoko — perdeu (João Pedro)
Mahamadou — converteu


























