
Foto: Joilson Marconne/CBF
Mais uma vez sob o comando do técnico interino Ramon Menezes, a seleção brasileira derrotou a da Guiné por 4 a 1, em amistoso realizado na Espanha, neste sábado(17).
O jogo em si não valeria mais do que estas duas linhas. Foi, com sinceridade, inexpressivo – como, por sinal, se esperaria de uma partida contra a fraca equipe africana. Só que o amistoso realizado no estádio do Espanyol, na grande Barcelona, foi muito mais do que uma simples partida de futebol. Pode-se dizer que foi um marco – para o bem, e para o mal.

Joeliton estreia pela seleção e comemora seu primeiro gol. Foto: Joilson Marconne/CBF
Ainda sob os reflexos dos atos racistas contra Vini Jr, em partida do Campeonato Espanhol, a CBF decidiu que a seleção canarinho entraria em campo, pela primeira vez em sua história, com uma camisa negra – talvez um erro histórico se formos ao cerne dos “camisas negras” de Mussolini, mas aí é outra história. Foi um ato para marcar o momento “com racismo não tem jogo”. Ponto para a CBF, um marco do bem. O que dizer, porém, de o estádio estar vazio? Seria uma atitude subliminar pró-racismo? Nunca poderemos saber.

Foto: Joilson Marconne/CBF
E foi, do lado de fora de campo, também, que outra situação marcou a partida. Sem treinador desde que Tite demitiu-se (na verdade, desde a derrota diante da Croácia, nas quartas-de-final da Copa do Mundo), ganharam ainda mais força as especulações de que o italiano Carlo Ancelotti assumirá a seleção brasileira – mas só em 2024. Para dar mais consistência às especulações, confirmou-se que dia 30 o presidente da CBF irá, em coletiva, anunciar as cidades onde o Brasil jogará pelas eliminatórias da Copa ainda este ano.
Na entrevista coletiva, iria (ou irá) aproveitar para dizer que a CBF esperará por Ancelotti até que ele encerre seu compromisso com o Real Madrid, em junho do próximo ano. Só que tudo isso pode não ser verdade.
O italiano não esconde seu descontentamento com a direção do clube merengue, que até agora não reforçou a equipe para a temporada que começará em agosto. Aí… Bem, aí a coletiva do dia 30 pode ser também a do anúncio oficial de Ancelotti, caso ele se desligue do time espanhol. Quem viver, verá.
Voltando a falar da bola rolando, outro marco do bem: lá pelos 41 do segundo tempo houve um pênalti a favor do Brasil. Casemiro pegou a bola e a entregou para Vini Jr, que bateu com categoria e firmou a goleada a favor da seleção canarinho – no segundo tempo, já com sua tradicional camisa amarela. Um marco. Um grito contra a intolerância, contra o racismo. Um gol Vini Jr contra todos os que pensam que a cor da pele pode ser motivo de discriminação.
Brasil: Éderson; Danilo (Vanderson), Éder Militão, Marquinhos e Ayrton Lucas; Casemiro, Joelinton (Bruno Guimarães) e Lucas Paquetá (Raphael Veiga); Vini Jr (Rony), Rodrygo (Malcom) e Richarlison (Pedro). Técnico: Ramon Menezes.
Guiné: Koné; Conté (Sylla), Sow, Issiaga Sylla e Diawara; Diakhaby, Moriba (Camara), Guilavogui (Morlaye), Keita (Cissé); Kamano (Diaby) e Guirassy (Kanté) . Técnico: Roberto Mancini.
Gols: Joelinton, Rodrygo, Éder Militão e Vinícius Júnior (Brasil); Guirrasy (Guiné)
Cartões Amarelos: Casemiro e Lucas Paquetá (Brasil); Sylla (Guiné).
Árbitro: Andris Treismanis (LET).
Assistentes: Haralds Gutermanis (LET) e Aleksejs Spasennikovs (LET)
VAR: Víctor Garcia (ESP)