Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom – Agência Brasil
Na última sexta-feira (06), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez críticas contundentes ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmando que a instituição é de inclinação política à esquerda e que seus julgamentos são excessivamente políticos. Essa declaração surge em um momento delicado para Bolsonaro, já que novas ações envolvendo seu nome serão julgadas em breve pelo TSE.
O ex-presidente é acusado de praticar irregularidades durante a campanha presidencial do ano passado, ao realizar lives no Palácio da Alvorada e em outros prédios públicos. As ações judiciais foram movidas pela Coligação Brasil da Esperança, liderada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pelo PDT, do então candidato Ciro Gomes. O julgamento está agendado para a próxima terça-feira, 10.
Durante sua visita a Belo Horizonte, onde cumpria compromissos neste final de semana, Bolsonaro demonstrou dúvidas em relação ao posicionamento do Tribunal. Ao ser questionado pelos jornalistas, afirmou:
“Não sei o que vai acontecer. O TSE é um julgamento muito político, de esquerda, que tem acontecido lá. Isso é ruim para a democracia”.
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Vale ressaltar que o presidente do TSE é o ministro Alexandre de Moraes, responsável por investigações nas quais Bolsonaro e seus aliados são alvos no Supremo Tribunal Federal (STF).
A acusação contra Bolsonaro envolve o suposto abuso de poder político durante a eleição presidencial de 2022, ao utilizar as dependências do Palácio da Alvorada para a gravação de lives. O vice-presidente da chapa, general Walter Braga Netto (PL), também está sendo processado.
Durante a entrevista, o ex-presidente justificou que gravava seus vídeos no local, pois “era a sua casa”. Além disso, mencionou que Lula também realiza esse tipo de programação no Palácio, utilizando como exemplo o “Conversa com o Presidente”. Segundo Bolsonaro:
“Querem me processar por fazer live no Alvorada. Foi a minha casa quando eu era presidente. O atual mandatário faz live lá. Com uma diferença enorme, né? Ele fala para os passarinhos. Eu falo para multidões”.
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Em junho, durante uma de suas lives, Lula ironizou Bolsonaro ao ouvir o som dos pássaros na transmissão. “Olha o passarinho cantando que coisa bonita. Onde você vê isso numa gravação do meu adversário, nas lives dele? Lá é só ódio. Aqui é tranquilidade e passividade”, disse o ex-presidente na ocasião.
Em relação às lives semanais de Lula, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República fosse advertida por divulgar nas redes sociais órgãos oficiais do governo. Essa recomendação resultou no cancelamento da transmissão que ocorreria no último dia 20.
Em agosto, o jornal Estadão revelou que o governo de Lula montou uma equipe com oito funcionários da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para realizar as lives. Apesar de contar com nomes conhecidos, como o ex-jornalista da Globo Marcos Uchôa, e de ter contratado novos comissionados, a iniciativa não obteve sucesso em termos de audiência.
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Vale ressaltar que Bolsonaro foi considerado inelegível por oito anos pelo TSE em 30 de junho, por abuso de poder político e uso inadequado de meios de comunicação, devido a uma reunião na qual atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas.
Além das alegações relacionadas às lives, o TSE irá julgar na próxima terça-feira se o ex-presidente cometeu irregularidades ao realizar coletivas de imprensa no Palácio da Alvorada, nas quais governadores declararam seu apoio à sua reeleição.
