Em entrevista divulgada neste domingo de Dia dos Pais, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que as prisões de seus ex-auxiliares tinham como objetivo forçar delações premiadas e prejudicá-lo. Durante a conversa com o canal Te Atualizei, Bolsonaro não mencionou a recente operação da Polícia Federal (PF) que investiga a venda de joias recebidas por ele enquanto estava no cargo de presidente.
A PF realizou buscas em quatro endereços ligados aos aliados do ex-presidente, procurando evidências de um suposto esquema internacional de venda de joias e bens de alto valor que Bolsonaro teria recebido em suas agendas oficiais. De acordo com a corporação, Bolsonaro estaria diretamente envolvido no esquema, tendo recebido dinheiro em espécie como resultado das transações.
Apesar de não mencionar a operação da última sexta-feira, Bolsonaro fez referência às prisões de seus ex-ajudantes de ordens, Mauro Cesar Barbosa Cid e Luis Marcos dos Reis. Ambos foram presos no âmbito da operação Venire, que investiga fraudes nos cartões de vacinação do ex-presidente e sua filha.
Durante a entrevista, Bolsonaro destacou que o objetivo das prisões era obter delações premiadas e prejudicá-lo. No entanto, o ex-presidente não forneceu detalhes sobre os outros dois auxiliares diretos que também estariam presos. Além disso, a PF prendeu Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, e Ailton Barros, militar expulso do Exército.
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Bolsonaro também fez menção à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, afirmando que “está indo muito bem” e relembrando os manifestantes que também estão presos. Quanto às medidas fiscais e isenções tributárias concedidas durante seu mandato, o ex-presidente ressaltou que continuará atuando nos bastidores da política e nas próximas eleições, afirmando que, mesmo inelegível, poderá trabalhar mais intensamente.
A entrevista abordou ainda a indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal e a suposta intenção de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, de ocupar uma vaga na Corte. Bolsonaro encerrou a conversa fazendo referência à “medalha dos três ‘is'”, se autodenominando infalível para Deus.
Ao longo da entrevista, Bolsonaro se mostrou sorridente e descontraído, sem mencionar a operação da PF e evitando fornecer detalhes sobre os auxiliares presos. As declarações do ex-presidente levantaram questionamentos sobre o envolvimento dele no suposto esquema internacional de venda de joias e a possibilidade de delações premiadas surgirem no decorrer das investigações.