Separados ideologicamente, unidos pela oposição. Os vereadores Benny Briolly (PSOL) e Douglas Gomes (PL) fiscalizaram, na última segunda-feira (9), unidades municipais de saúde de Niterói e constataram irregularidades no atendimento ao público.
Protagonistas de constantes discordâncias, os parlamentares concordaram em um ponto: para eles, a Unidade de Urgência Mário Monteiro, em Piratininga, e a Policlínica do Largo da Batalha precisam de melhorias no atendimento. Benny Briolly afirmou que chegou a conversar com pacientes que estavam quatro horas aguardando atendimento.
“Recebo uma série de denúncias. O Mário Monteiro está lotado e o quantitativo de médicos não consegue atender às pessoas. Para piorar, pacientes estavam sendo realocadas da Policlínica do Largo da Batalha para lá, também por falta de médicos. Fomos embora sem nenhuma resposta”, disse a vereadora.
Douglas Gomes denunciou que a falta de médicos estaria atrelada a uma redução salaria, que o governo municipal teria praticado sem avisar previamente aos profissionais. Dessa forma, boa parte teria deixado de trabalhar na cidade, migrando para outros municípios, em busca de melhor remuneração.
“Um caos total na rede. A Prefeitura de Niterói reduziu os salários dos médicos sem comunicar, aí eles estão pedindo demissão e indo trabalhar em outros municípios”, afirmou Douglas Gomes.
Quantitativo de médicos
Segundo o vereador Daniel Marques (União), que também participou das fiscalizações, Mário Monteiro, Policlínica do Largo da Batalha e o Hospital Municipal Carlos Tortelly, somados, chegaram a estar com apenas quatro médicos durante parte da última segunda-feira.
O vereador de Niterói Daniel Marques (União) – Foto: Divulgação
“O que a gente viu é assustador. Havia apenas uma médica na Policlínica, dois no Mário Monteiro e o Carlos Tortelly chegou a estar com apenas um médico também. As pessoas morrem. É gravíssimo o que está acontecendo. A Saúde de Niterói passa por um problema dificílimo”, denunciou o parlamentar.
Marques ainda firmou que pediria apuração do caso ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Defensoria Pública Estadual (DPERJ).
População reclama
Moradores de Niterói afirmam que os problemas são antigos. Carla Maia relatou que sua mãe faleceu, em 2017, devido à precariedade no atendimento tanto no Mário Monteiro quanto na Policlínica.
“Essa policlínica do Largo e o Mário Monteiro foram os responsáveis pela morte da minha mãe. É inacreditável, inaceitável, inadmissível que nada seja feito. Isso foi em 2017”, lamentou.
“Leia mais notícias sobre Niterói aqui”
Já Maria José destacou que é urgente a convocação dos médicos aprovados no último concurso da Fundação Municipal de Saúde (FMS). A niteroiense também disse acreditar que a precarização do serviço é intencional, para entregar a saúde municipal para organizações sociais (OSs) administrarem.
“Por isso há a necessidade urgente da convocação dos aprovados no concurso da FMS. A população merece respeito e os concursados também. Chega de precarização dos serviços de saúde, fazem isso para entregar a saúde de Niterói nas mãos das OSs”, reclamou.
Busca por respostas
Os vereadores disseram terem tentado contato com a Secretaria Municipal de Saúde, mas não obtiveram respostas. A reportagem do FOLHA DO LESTE perguntou à Prefeitura de Niterói sobre as denúncias apresentadas pelos parlamentares.
A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói informou que na última segunda (9), houve a falta de um médico no plantão do Serviço de Pronto Atendimento da Policlínica do Largo da Batalha. Os casos mais graves foram priorizados. A Unidade de Urgência Mário Monteiro absorveu os casos leves, o que gerou um maior tempo de espera no atendimento. Em relação ao salário, os médicos das unidades tiveram ciência prévia do valor pago por plantão.
