
Marcos Paulo protagonizou lance polêmico com Kevin Serna no empate entre Fluminense e Juventude | Reprodução de vídeo
Os áudios do VAR que livraram Marcos Paulo e Samuel Xavier de expulsão vieram à tona nesta segunda-feira (19), revelando os bastidores táticos por trás das decisões mais controversas do empate em 1 a 1 entre Fluminense e Juventude, no domingo.
Com a bola rolando no Alfredo Jaconi, o que se viu foi disputa intensa. Mas nos bastidores da arbitragem, o roteiro era outro: dúvidas, debates e uma pitada de subjetividade.
No primeiro tempo, o tricolor viu Kevin Serna cair com a canela aberta após dividida violenta com Marcos Paulo. A imagem chocou. O corte profundo e a expressão de dor inflamaram os ânimos.
Na TV Globo, o comentarista de arbitragem Paulo César de Oliveira cravou: “Cartão vermelho”. Mas no campo, o árbitro Wilton Pereira Sampaio não pensou assim.
Logo após o contato, Wilton solta no rádio:
“Depois não sei se a perna que está alta pega, mas o contato é com a bola”.
A partir daí, a análise técnica começou. O VAR, liderado por Thiago Duarte Peixoto, confirmou o toque na bola e ponderou:
“Realmente só atinge a bola, porém o movimento dele de chute atinge posteriormente, tá? Mas não é falta”.
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Wilton rebate:
“Acho que é mais a pancada, né?”.
A resposta do VAR é quase protocolar:
“Teve essa pancada, sim, porém é movimento natural de chute… Disputa é forte, porém o lance é acidental”.
O árbitro ainda complementa com ironia sutil:
“Deu uma arranhada na canela”, ao que o VAR conclui: “Não há tempo hábil para ele recolher a perna… Foi acidental, aqui é unânime”.
O corte na perna, porém, ficou. A revolta da torcida também.
O cartão anulado de Samuel Xavier
Já nos minutos finais, um lance na entrada da área mudou tudo. Xavier derrubou o atacante do Juventude, que partiria livre, na cara do gol. Wilton ergueu o vermelho sem pestanejar. O VAR entrou de novo.
“A natureza é falta… Ele tem domínio e distância para finalizar…”, começou a análise.
O ponto de virada? Um possível toque de mão na origem do lance.
“Já checamos e o toque existe… Você vê essa mão, Wilton?”, pergunta o VAR.
“Não vi”, responde o árbitro.
“Então sugiro uma revisão por um incidente não visto… Bola toca claramente na mão dele e ele tem vantagem tática”, completa o VAR.
Wilton vai ao monitor. Volta com decisão firme:
“Está claro para mim. Eu vou anular e retirar o cartão vermelho e reiniciar com mão”.
Repercussão e bastidores
Os dois lances não resultaram em expulsão. Mas a polêmica ficou. Torcedores criticaram o “jeitinho” do VAR. Especialistas apontaram inconsistência. No campo da arbitragem, porém, imperou a leitura subjetiva, o tal “movimento natural”.
Enquanto isso, Serna segue tratando a canela. E Xavier, liberado, já mira o próximo jogo.