Em um pronunciamento à imprensa no último sábado (19), Francisco Ribeiro, mais conhecido como “Chiquinho da Educação” (UNIÃO), ex-prefeito de Araruama e atual esposo da prefeita Livia Bello, surpreendeu a todos ao revelar seu lado “imbrochável”. O objetivo do pronunciamento do “ficha-suja”: esclarecer o rompimento político entre Raiana Alcebides (PSD), vice-prefeita, e o grupo da prefeita (que ele comanda). Porém, o encontro se transformou em uma sessão de acusações e ataques pessoais.
Durante a transmissão ao vivo pelas redes sociais, Chiquinho não poupou críticas a Raiana e seus aliados, indo além e abordando questões familiares sem apresentar qualquer evidência. Entretanto, sua postura autoritária e patriarcal traz à tona a necessidade de uma reflexão profunda sobre o papel das mulheres na política. A começar pela da própria prefeita, Lívia. Todavia, faz-se necessário esclarecer que Lívia ingressou na política usando o nome “Lívia de Chiquinho”. A preposição, neste caso, indica posse. Ou melhor, o poder da posse. Se, atualmente, Lívia passou a usar seu sobrenome, resta saber quem, efetivamente, governa Araruama.
Também “de Chiquinho”
Com Raiana, não foi diferente. Ano passado, Chiquinho renunciou à candidatura a deputado estadual, pois estava – e continua, inelegível. Mas, lançou, em seu lugar Raiana, que concorreu com o nome Raiana de Chiquinho. Obteve 22.703 votos insuficientes para lhe eleger, ficando na 3ª suplência do PSD.
As lideranças femininas cada vez mais se revelam autênticas. Via de regra, isso resulta em métodos políticos inovadores e uma perspectiva de sensibilidade para a gestão pública. Porém, quando homens tentam ofuscar ou manipular essa liderança, ocorre um desserviço não apenas à representatividade feminina, mas também ao sistema democrático como um todo.
Assim sendo, quando as mulheres consentem tamanha apropriação, a participação da mulher acaba apequenada e restrita à supremacia do poder masculino.
A vice-prefeita, Raiana, até pode tentar construir um novo caminho, pela via do empoderamento. Mas, para isso, terá de se libertar das sombras do grupo político de Chiquinho e Lívia. Pois alguns fantasmas ainda podem querer lhe assombrar. Afinal, era aliada, candidatou-se em seu lugar, usou seu nome para ter votos. Agora, se sua aspiração for a prefeitura, o que se viu, até então, trata-se apenas do preâmbulo da guerra. Raiana terá de estar preparada para ouvir, respeitar e valorizar a voz do povo de Araruama, para depois poder ser uma voz legítima da sociedade, dos insatisfeitos, principalmente das mulheres.