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Após reportagem, mãe e aluna vítima de estupro em escola de Maricá recebem assistência municipal

Aluna estuprada em escola de Maricá recebe assistência municipal após grande repercussão de reportagem do Folha do Leste.

Aluna estuprada em escola de Maricá recebe assistência municipal após grande repercussão de reportagem do Folha do Leste | Reprodução/Freepik

 

Após reportagem do Folha do Leste dar voz a uma mãe que denunciou à polícia e ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) o estupro cometido contra sua filha de 13 anos na Escola Municipal Joana Benedicta Rangel, em Maricá, agentes públicos da Prefeitura do município entraram em contato com ela para, enfim, oferecer o apoio que ela e a filha há tanto tempo aguardavam e necessitam.

Ela apontou um funcionário da instituição de ensino como autor do estupro, que teve início quando a menina ainda tinha 12 anos. Segundo Donna – nome fictício para anonimização da mãe – a secretaria da Mulher entrou em contato para lhe informar que uma equipe multidisciplinar do município estava indo à sua casa.

“Quero agradecer ao Folha do Leste pela reportagem e pelo carinho que tiveram em cuidar com excelência em cada detalhe da matéria que vocês fizeram. Hoje (segunda-feira, 21 de julho de 2025), pela primeira vez estou sendo procurada pelos equipamentos da Prefeitura de Maricá, que estão vindo aqui na minha casa. Está vindo aqui o Conselho Tutelar, a Casa da Mulher, parece que estão vindo alguns outros que nem sei ainda porque não chegaram, mas a gente está aqui na espera”, disse.

Escola Joana Benedicta Rangel, onde os episódios de estupros ocorreram, conforme denúncia da mãe | Eleven Gouvêa/Prefeitura de Maricá

Escola Joana Benedicta Rangel, onde os episódios de estupros ocorreram, conforme denúncia da mãe | Eleven Gouvêa/Prefeitura de Maricá

Conselho Tutelar aparece de verdade

Posteriormente, uma conselheira tutelar de Maricá, também fez contato com Donna. Vamos mantê-la em anonimato para não revelar a região geográfica da cidade em que ela atua, pois Maricá tem dois Conselhos Tutelares. Disse que estava à procura dela há alguns dias, mas “somente nesta segunda-feira” conseguiu contato. Coincidentemente, após a ampla repercussão da reportagem. Apesar disso, a agente pública disse à Donna que ninguém acionou o Conselho Tutelar, situação em que se inclui a escola, o próprio município, a Polícia Civil e o MPRJ.

O próprio município de Maricá chegou a afirmar, em nota, que “o Conselho Tutelar acompanhava o caso em consenso com a mãe da criança”. Imediatamente, no mesmo instante que recebemos tal resposta, procuramos a mãe da criança, que desmentiu a nota.

Apoio da Prefeitura de Maricá demorou 19 dias

Além disso, a mãe da vítima (Donna) afirma que o apoio do poder público está chegando a elas pela primeira vez em 19 dias. O relato inicial da filha à direção da escola ocorreu em 02 de julho. Contudo, em nota, a secretaria de Comunicação da Prefeitura de Maricá disse ao Folha do Leste que, segundo a secretaria de Educação, “a criança recebeu atendimento psicológico nos dias 02 e 03 de julho”, fato negado pela mãe.

Donna atribui a movimentação do município nesta segunda-feira à repercussão da reportagem produzida pelo Folha do Leste sobre as denúncias feita por ela na Polícia e no Ministério Público, publicada no sábado (19). Na matéria, a mãe da vítima acusa a direção da escola de omissão no suporte à sua filha, assim como apontou um funcionário como autor da violência sexual.

Menina aponta autor do estupro em carta feita à próprio punho

Dina – nome fictício para anonimização da vítima – relatou em carta à mãe, escrita de próprio punho, que o agressor se tratava do enfermeiro. Nos referimos ao acusado como Gargamel, também visando a anonimização dele. Ele atendia a menina de porta fechada sempre que ela chegava à enfermaria desacompanhada, e mantinha o celular ligado para “cronometrar o atendimento”. Por várias vezes, segundo Dina, ele a desnudou e a tocou, a pretexto de ser “estudante de medicina em Vassouras”.

Segundo a Prefeitura de Maricá, o funcionário está afastado do trabalho. Já a Polícia Civil diz que o inquérito está em fase de conclusão. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) atua no caso através do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Investigação Penal.

“De qualquer forma, eu quero deixar meus agradecimentos porque é a primeira vez que nos procuram e agora sim eu acredito que minha filha vai ter o atendimento psicológico por conta da repercussão e por conta de vocês terem realmente dado publicidade a uma situação tão grave e que poucos tiveram empatia na ocasião. Eu quero agradecer muito, muito mesmo. Obrigada a toda equipe do Folha do Leste”, disse.

Em retribuição aos agradecimentos, recebemos com carinho, retribuindo com nosso desejo de que a Justiça prevaleça nesse caso. Mesmo assim, não podemos nos envaidecer, pois essa é a missão precípua do jornalismo: apurar fatos relevantes e amplificá-los quando o interesse público exige.

 

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