O destino político de Jair Bolsonaro está em jogo a partir de hoje, com o início do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral. Acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, o ex-presidente pode ser condenado e ficar inelegível por oito anos.
A ação, movida pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), se refere à reunião realizada no Palácio da Alvorada, em que Bolsonaro atacou o sistema eletrônico de votação junto a embaixadores, transmitida pela TV Brasil. A Procuradoria-Geral Eleitoral defende sua condenação, argumentando que divulgou informações inverídicas sobre as eleições.
O julgamento promete ser longo e decisivo, e a tensão no ar é palpável. Será que Bolsonaro escapará da punição? As expectativas são altas e os próximos dias serão cruciais para definir o futuro político do país.
Rito do julgamento
Primeiro, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, fará a leitura do relatório da Aije, que trará todos os detalhes da ação. Em seguida, os advogados de acusação e defesa terão 15 minutos cada para argumentar diante da tribuna. E então, o representante do Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral) fará seu parecer sobre a ação.
Ordem de votação
O ministro Benedito Gonçalves, na qualidade de corregedor-geral da Corte, apresentará seu voto primeiro. Isto acontece em razão do que preveem os artigos 22 e 23 da Lei de Inelegibilidades (Lei Complementar 64/1990).
Na sequência, votam os ministros Raul Araújo, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, a vice-presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, o ministro Nunes Marques e, por último, o presidente do Tribunal, ministro Alexandre de Moraes.
Pode haver pedido de vista
O regimento interno do TSE prevê essa possibilidade. Segundo o artigo 18 do Regimento Interno do TSE, o ministro que solicitar vista do processo deverá devolver os autos para retomada do julgamento no prazo de 30 dias, renováveis por mais 30, contado da data da sessão em que o pedido de vista foi formulado. Isso pode suspender o julgamento.
Bolsonaro nega as acusações
A defesa dos acusados argumenta que, no encontro com os embaixadores estrangeiros, foi praticado “ato de governo”, o que estaria fora do controle jurisdicional sob a ótica do “fim político”. De acordo com a defesa, não existe ato eleitoral a ser apurado, uma vez que, na reunião, não se tratou de eleições, não houve pedido de votos, não foi feito ataque a oponentes nem houve apresentação comparativa de candidaturas.
Os advogados afirmam que o evento constou de agenda oficial do então presidente da República, previamente informada ao público, e que a má-fé de determinados setores da imprensa levou a cobertura da reunião a tratar “uma proposta de aprimoramento do processo democrático como se se tratasse de ataque direto à democracia”. Segundo a defesa, o evento, na verdade, foi “um convite ao diálogo público continuado para o aprimoramento permanente e progressivo do sistema eleitoral e das instituições republicanas”.