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Amigo dos amigos

Amigo dos amigos

Oldemário, Vicente e Zagallo: memórias – Foto: Reprodução

Ao contrário do que disse meu editor-chefe, quando ligou pedindo uma matéria sobre a convocação definitiva para a seleção do céu, Mario Jorge Lobo Zagallo não foi meu amigo, nem minha fonte. Mesmo porque, nos meus tempos de Jornal de Brasil, havia uma pessoa chamada Oldemário Touguinhó que simplesmente era suficiente para igualar a cobertura de todas as equipes concorrentes – e sozinho.

Tenho, porém, duas boas histórias com Zagallo (e Oldemário) como protagonistas.

A primeira já com mais de 30 anos. O Brasil fez, contra o México, um jogo amistoso em Maceió para reinaugurar o Rei Pelé. Fui com meu pai para lá. Meio de férias, meio a trabalho. Eram momentos da surra de toalha da primeira-dama no governador e, claro, também sobre isso tínhamos de escrever. Mas a história não tem relação com o amistoso, não.

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Uma semana depois enfrentaríamos o Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa de 1994, em Montevidéu. Também viajei com meu pai e, assim que cheguei à capital uruguaia, parti para comprar ingresso para ele (eu estava credenciado). Oldemário, amigo, falou logo: “Deixa que o ingresso do italianão (ele me chamava de italiano, logo meu pai era o ão da história) eu arrumo”.

Como haveria de duvidar? Só que o tempo passava e nada do ingresso. Já estava vislumbrando a tristeza contida, silenciosa, do seu Prospero em não poder estar no Centenário. Aí, no sábado à noite, véspera do jogo, Oldemário convoca para irmos buscar o ingresso. Como sempre determinado (por vezes até meio docemente irresponsável) saímos pelos subúrbios de Montevidéu.

Nos perdemos algumas vezes até chegar à concentração da seleção.

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Com os desvios de rota chegamos tarde. Na hora do jantar, próximo ao recolhimento dos jogadores. Para Oldemário isso não era problema – eu achava um temor. Sem cerimônias, o velho Old bateu na porta do casarão e disse que queria falar com Zagallo. O velho Lobo (as citações “velho” são totalmente carinhosas, nada de etarismo) apareceu, ainda limpando a boca com um guardanapo.

Sorridente, disse logo “pensei que você não vinha mais”, e entregou o ingresso do papai com um “preciso voltar para a janta”. Saímos de lá, agora já com o GPS natural mais afinado, direto para o hotel onde estávamos hospedados. Oldemário, claro, contando algumas de suas infinitas histórias; eu, ouvidos atentos àquela aula de história do futebol; meu pai feliz com seu lugar reservado no jogo de domingo.

Como o texto já está ficando grande, deixo para contar a segunda história “zagalliana” em outra oportunidade. Só posso adiantar que foi durante o Tournoi de France, em 1997. E ali ele, Zagallo, levou uma bola nas costas da dupla Oldemário e Vicente, com Ronaldo Fenômeno como protagonista. Mas essa fica para outra hora.

 

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