

Relatório aponta disputas e vulnerabilidades na Amazônia noroeste | Fernando Frazão/Agência Brasil
A Amazônia noroeste enfrenta disputas ambientais, criminais, de capital e institucionais, alerta o relatório Amazônia em Disputa, lançado esta semana. O estudo é resultado de uma parceria entre Instituto Igarapé, União Europeia e FCDS e analisa áreas de fronteira entre Brasil, Colômbia, Venezuela, Equador e Peru.
Segundo o levantamento, 16 grandes grupos armados ilegais atuam em 69% dos municípios amazônicos, incluindo Comando Vermelho (CV), PCC, ELN e dissidências das FARC. O narcotráfico, mineração ilegal e cadeias de extração de ouro, madeira, gado e drogas pressionam a floresta e as populações locais.
“A responsabilidade não é só dos países amazônicos, mas de todos que compram esse tipo de ativo da Amazônia. Precisamos de respostas conjuntas”, afirma Melina Risso, diretora de pesquisa do Instituto Igarapé.
Principais desafios
O estudo destaca que as taxas de homicídio superam as médias nacionais em quase todos os países. Comunidades indígenas e ribeirinhas são as mais afetadas, sofrendo deslocamentos forçados, perda de territórios e destruição de meios tradicionais de vida.
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Além disso, a Amazônia é considerada a região mais perigosa do mundo para defensores ambientais. Em 2023, mais da metade dos assassinatos globais desse grupo ocorreu na floresta. A atuação frágil e militarizada do Estado reforça a informalidade e a violência.
Áreas de disputas fronteiriças
O estudo separa cinco regiões críticas, duas delas no Brasil:
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Guainía–Orinoco (Colômbia–Venezuela): garimpo, redes criminosas e pressão sobre comunidades indígenas.
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Mitú–Taraira (Colômbia–Brasil): rotas de narcotráfico, mineração ilegal e baixa presença estatal.
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Trapézio Amazônico (Colômbia–Brasil–Peru): epicentro da economia ilícita, intenso tráfego fluvial e conexões internacionais de grupos armados.
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Putumayo (Colômbia–Equador–Peru): zona crítica de violência e sobreposição de grupos armados.
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Yavarí (Brasil–Peru): extração ilegal, tráfico e disputas por territórios indígenas em cenário de degradação ambiental.
Caminhos para a Amazônia
Segundo Melina Risso, soluções exigem governança interinstitucional, alternativas econômicas sustentáveis e financiamento de serviços ecossistêmicos, com articulação internacional, incluindo a 5ª Cúpula de Presidentes da OTCA, realizada em Bogotá.
“Não temos mais tempo de esperar que todas as relações diplomáticas estejam estabelecidas para avançar. É urgente uma ação coordenada”, conclui Risso.