
Alerj debate projeto que combate dependência digital em crianças e adolescentes | Foto: Agência Brasil
Nesta quarta-feira (27), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) coloca em pauta um tema cada vez mais urgente no cotidiano da sociedade digitalizada. A dependência de internet e redes sociais. A proposta, assinada pelo deputado Márcio Canella (União), surge com a ambiciosa meta de criar o programa “Realidade Virtual em um Mundo Real”, destinado a combater a compulsão digital na rede pública de saúde.
Se aprovado, o projeto pode marcar um ponto de inflexão nas políticas públicas sobre saúde mental no estado, especialmente no que tange ao impacto das tecnologias no comportamento humano. A proposta será discutida em primeira votação, mas sua trajetória ainda pode sofrer mudanças. Caso os parlamentares apresentem emendas ao texto original, o projeto pode sair de pauta.
O projeto de lei estabelece um diagnóstico rigoroso para a identificação da dependência de internet, com critérios claros para identificar aqueles que apresentam sintomas de compulsão. Entre os indicadores estão o uso excessivo da rede, a perda de noção do tempo e os efeitos negativos visíveis na rotina do indivíduo. Além disso, a proposta antecipa o surgimento de sintomas de abstinência, com o mesmo grau de intensidade de uma dependência química, como o nervosismo ou a ansiedade diante da impossibilidade de acessar as redes.
Equipe multidisciplinar
A proposta visa estruturar um sistema de acompanhamento e intervenção, integrando uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e outros profissionais de saúde. Esta equipe atuaria na orientação e acompanhamento dos pacientes, oferecendo suporte no processo de recuperação e reintegração social. O tratamento proposto abrange desde estratégias de controle de tempo até o manejo de gatilhos emocionais e comportamentais, com ênfase na promoção de habilidades sociais e controle de impulsos.
A justificativa do deputado Márcio Canella para a criação do programa é contundente. O uso compulsivo de internet pode ser tão prejudicial quanto as dependências químicas. De acordo com o parlamentar, a presença excessiva no ambiente digital tem impactos diretos na saúde mental, no desempenho escolar e na qualidade de vida das pessoas.
A análise é respaldada por um número crescente de estudos científicos que indicam que a compulsão digital pode afetar a capacidade de concentração, a interação social e, especialmente, o equilíbrio emocional de crianças e adolescentes, que são os grupos mais vulneráveis.
O projeto destaca, ainda, a importância da intervenção familiar, especialmente no caso de menores de idade. O envolvimento dos pais ou responsáveis é fundamental, pois o controle sobre o uso de dispositivos tecnológicos, o estabelecimento de limites e a orientação sobre as boas práticas digitais são ferramentas imprescindíveis para combater a dependência.