Na 30ª edição do Prêmio da Música Brasileira, uma das apresentações mais marcantes não veio do repertório da artista homenageada, Alcione. Ao invés disso, a roteirista do evento, Zélia Duncan, escolheu Pagu, uma colaboração entre Rita Lee e Duncan de 2000. Após uma intervenção dispensável do DJ Pedro Sampaio em Não deixe o samba morrer, Alcione emocionou a plateia com músicas emblemáticas de seu próprio repertório. Ela terminou a noite em grande estilo com um baticum de ritmistas da Mangueira.
Caetano Veloso homenageou a Bahia e a Mangueira com Onde o Rio é mais baiano, composto por ele e lançado por Alcione em disco de 1994. Maria Bethânia abriu a noite acompanhada por Gloria Groove, mas a interpretação dessa dupla de ”O meu amor” foi competente, mas pouco sensual. Luedji Luna apresentou Figa de guiné e Afreketê com rigor estilístico, tornando seu número um dos destaques da noite.
Ferrugem e Péricles fizeram um potente encontro, imprimindo muita emoção em suas apresentações. Contrariamente, Marina Sena escalada para cantar Nem morta não conseguiu atingir o apelo emocional da música. Diogo Nogueira fez uma interpretação memorável de Rio antigo, acompanhado pelo conjunto InovaSamba.
Seu Jorge e Emicida colocaram muita africandade em suas apresentações de Gostoso veneno e Agolonã, respectivamente. Criolo e Xande de Pilares acertaram o tom de Garoto maroto, assim como Tim Bernardes fez com Qualquer dia desses, acompanhando-se na guitarra eletroacústica. Zé Ibarra encarou Você me vira a cabeça (Me tira do sério) sem atenuar os arroubos da música, enquanto Fran caiu no suingue em Faz uma loucura por mim.
Com a ressalva de que poderia ter tido mais mulheres na escalação dos intérpretes, o tributo a Alcione no 30º Prêmio da Música Brasileira fluiu bem. Com apresentações marcantes de Luedji Luna, Ferrugem, Péricles, Diogo Nogueira (com InovaSamba), Seu Jorge e da própria cantora homenageada, fica claro que essa edição do prêmio de José Mauricio Machline não foi apenas um evento qualquer.