Leste Fluminense

Afinal, por que tem faltado tanta energia? Especialista da UFF analisa

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Há muito tempo não havia tanta falta de luz no Leste Fluminense. Desde o final do ano passado, chuvas e ventos viraram sinônimo de apagão. Os casos mais recentes aconteceram no último final de semana, quando áreas de Niterói e São Gonçalo ficaram sem energia. O FOLHA DO LESTE foi atrás de possíveis explicações para o problema.

É consenso que houve mudança no perfil de consumo, tanto que a concessionária Enel, por exemplo, tem realizado ações de consumo consciente, oferecendo serviços como distribuição de lâmpadas de LED e orientações para economizar energia. Além disso, também é importante destacar outros fatores como os furtos de energia, que provocam sobrecarga nas redes de distribuição.

A reportagem conversou com o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal Fluminense (UFF), Bruno França, que fez um raio-x sobre o tema. O especialista destacou que, esta época do ano costuma ter mais falta de luz por conta do período de calor excessivo e de também chuvas e tempestades típicas dessa época do ano.

Foto: Divulgação

Existe uma combinação do excesso do consumo de energia. A gente pode citar o uso do ar-condicionado, o aumento de carga por conta da refrigeração, entre outros. Há também a questão da chuva, tempestades, ventos, isso tudo aumenta a quantidade de curtos-circuitos e, consequentemente, o número de interrupções”, explicou.

Furtos de energia

O especialista também chamou atenção para as chamadas perdas não técnicas, que são ocasionadas pelo furto de energia. França explicou que quando há aumento da carga por consumidores regulares, é natural que isso seja percebido pela distribuidora para que esta realize ações de manutenção em sua distribuição. Contudo, quando aumenta a perda não técnica, cresce também o consumo excessivo.

Esse consumidor não é um consumidor legalizado e isso causa o estresse e a sobrecarga do sistema de distribuição. A política de expansão e de melhoria da rede segue o perfil de consumo dos consumidores regulares e aí se você tem um aumento da perda não técnica, isso dificulta as concessionárias a saber onde é que ela vai investir na melhoria da rede de distribuição”, alertou.

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Soluções

O professor destacou que as soluções passam por múltiplas ações que devem ser feitas em conjunto. Entre elas estão a conscientização da população com relação ao furto de energia, o combate ao furto de energia, além de um mapeamento das zonas onde tem os maiores índices de falta de luz. França também apontou para a necessidade de o consumidor notificar interrupções no fornecimento.

É sempre importante, quando falta de energia na sua residência, você notificar, porque isso entra como informação para as distribuidoras e as ajudam nas políticas de manutenção, então isso entra também para os indicadores de continuidade e de frequência do efeito de fornecimento”, destacou.

Além disso, o professor frisou a importância da manutenção da rede por parte da concessionária. Desse modo, é preciso que as empresas considerem a questão ambiental, com o aumento das chuvas e o aumento da temperatura, como parte das soluções palpáveis para um sistema de distribuição. Por fim, França destacou a necessidade de pesquisas de desenvolvimento, nas quais as universidades também têm participação.

Quando a gente fala da melhoria da rede, há ainda a questão da pesquisa. As concessionárias investem em pesquisa e desenvolvimento, ligado a um programa da Aneel. Esses investimentos e essas ações podem também focar na melhoria e na pesquisa de novos produtos e novas soluções com a finalidade de melhorar a qualidade do fornecimento de energia elétrica. As universidades muitas vezes se envolvem nessas pesquisas e ajudam a desenvolver soluções”, complementou o especialista.

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