ColunistasRita Carvalho - Constelações

A mulher, uma visão sistêmica

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Somos filhas, irmãs, amigas, namoradas, esposas, mães, amantes, profissionais, avós, fadas do lar, desportistas, espirituais, vivemos uma complexidade de múltiplos papeis, e vivemos intensamente cada um deles. Ou seja, a mulher de hoje se divide em vários pequenos mundos e ela aprende a se doar a todas as formas de existir.  

Mas onde começa a vida de uma mulher? 

A resposta seria clara e logica, afinal, começa na gestação da nossa mãe. Porém, na verdade, tudo começa bem antes, mais precisamente na gestação da nossa avó. Sério? Alguém pode ser gerado, ainda no ventre da avó? Sim, vou explicar. 

Quando a avó esta gravida, da nossa mãe, o óvulo que dará origem à nossa vida está também sendo gerado no feto, que é nossa mãe. Mas o que isso significa?  Tudo o que vai acontecer durante esta gestação, seja no corpo, através de sentimentos, emoções que a avó sentir, sejam elas boas ou ruins, um trauma, uma perda que gere uma dor emocional, um presente inesperado, tudo em vida durante essa gravidez da avó vai ter um profundo impacto na sua vida, na de sua filha, a criança que ela porventura carregar no ventre e na vida da sua neta.

Nós mulheres, somos o resultado do fluxo da vida que é transmitido de geração em geração através de todos os ancestrais que tiveram de existir para que nós chegássemos ao momento presente e também para que pudéssemos viver.

“Mulheres são diferentes. Como homem eu posso dizer isto. Eu o digo com um profundo consentimento. O que seria a vida sem as mulheres? O que eu poderia realizar para minha vida e para a vida de muitos outros sem elas? As mulheres se dão conta do seu significado?” Bert Hellinger

Ser mulher é ter a possibilidade de gerar vida. Isso porque o útero é a casa de Deus na terra. Logo, é através dele que vidas chegam ao mundo, e ao gerar uma vida, esta mulher está a serviço de outra vida que não a sua. Isso significa que está mulher se coloca em risco, apostando a sua própria vida, no parto. Nenhum outro ser realiza mais e ousou mais em benefício da vida. 

A mulher pensa e age de forma diferente do homem porque está em sintonia com algo profundo que dá suporte a vida. 

A mulher tem um elo infinito e sensível com o Criador, é natureza feminina ter um olhar mais, atencioso, mais zeloso. Ela consegue perceber o que está próximo com mais atenção e cuidado por ter o dom do cuidard. Além disso, é dela que provem o primeiro alimento.

A mulher guarda as lembranças de forma ímpar, quase como um filme, pois se alegra às vezes por nada que seja visível. Além disso, é capaz de amadurecer em um piscar de olhos se a situação exigir, e com naturalidade consegue voltar a ser apenas uma menina, tem a habilidade de observar e quando algo falta substitui e tudo fica em ordem. 

A mulher é mais compassiva, amorosa, afetuosa, terna, humana, sensível e sentimental. Sim, é verdade. É por todos esses motivos que a mulher trás dentro de si sentimentos como intuição aguçada, experiência de vida, vivida e sentida, antes mesmo de chegar na vida. Lembra-se, a neta existe ainda quando a mãe é um feto no útero da avó. 

Mulheres são devotas, e assim as religiões precisam das mulheres, porque elas as mantêm vivas. Mulheres estão mais profundamente em sintonia com o princípio da vida. Isso porque na maioria dos casos são elas que passam algum tipo de ensinamento religioso adiante.  Por esta profunda e sensível ligação, a mulher está conectada com a morte de forma única, ela tem mais intimidade com esta. A mulher sente ambas mais profundamente, a vida com a morte, talvez até por causa disso sua devoção exista com uma força sem igual.

A MULHER CUIDA DA VIDA E A PROTEGE.

ELA TEM DENTRO DE SI A SABEDORIA.

A MULHER QUANDO CHEGA AO MUNDO, TRÁS COM ELA SUAS ANCESTRAIS, PORQUE ESTEVE NO UTERO DE SUA AVÓ.

ELA AGE ATRAVÉS DO AMOR.

A MULHER VIVE NO REINO DA EMOÇÃO.

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Muitas mulheres ainda carregam as dores de passado não muito distante, onde nossas ancestrais sofreram com a falta de liberdade, de autonomia, onde também não existiam como um ser único, com sua própria opinião. Não viviam suas escolhas e nem eram independentes.

Não faz muito tempo, era necessário ter autorização para ser triste ou alegre. Talvez isso explique o motivo de ainda existir dentro de nós uma lealdade inconsciente, que precisa de ser olhada, amada e libertada. 

Convite a um exercício Sistêmico. 

Quer fazer um exercício sistêmico e, sentir o quanto existe de lealdade ao clã feminino da sua ancestralidade? Então deixo como sugestão fazer um exercício antes de dormir e quando finalizar deite-se, deixe fluir, durma, e boas revelações. Desculpe, ato falho, bons sonhos. 

  • Sente-se em um local confortável, de forma que os seus pês estejam no chão, sua coluna apoiada e suas mãos livres, em cima da perna, na cadeira, não importa, apenas livres, não apoie as mãos na mesa, apenas deixa-as livres. Sinta-se confortável.
  • Feche os olhos, e respire profundamente até todo o seu pulmão estar repleto do ar da vida, e nenhuma inspiração a mais, seja possível, com o pulmão repleto de ar da vida, expire, lentamente, até que tudo que está dentro de você, saia, venha a luz, de forma bem lenta, expire.   
  • Repita esta respiração três vezes, e sempre encha o pulmão e de vida até que não aguente mais inspirar e solte o ar, bem devagar….
  • Leia a seguinte frase, em voz alta, escute sua voz: “Como é que eu posso viver em alegria e abundância se as minhas ancestrais viveram milhares de anos de submissão e opressão?”. Se sentir que é necessário ler mais uma vez, pode fazer sem problema. 
  • Recolha-se, entenda que ao aquietar-se, é muito importante não pensar sobre o que leu. Não questionar a pergunta. 
  • Volte ao exercício da respiração e refaça ele, por 3 vezes. 

Instruções: este é um exercício sistêmico. Ou seja, deixe-se fluir pelo mundo dos sentimentos, permita que reverbere, não julgue, não questione, não pense muito sobre isso, não seja racional, apenas se observe, o que sente? Como se sente? Sentiu algo diferente? Um sintoma? Olhe para dentro, permita-se sentir. Se tiver vontade de chorar, chore. Logo, vivencie o momento com sensações, sentimentos, SINTA. 

Ao acordar no dia seguinte, lembre-se que aqui e agora, é a sua história, então repita:

“Minhas ancestrais, agora eu posso, e faço diferente. Agora eu posso e, faço por todas nós. Por isso, tenho em mim toda a força, o amor, a coragem, a determinação e a vida que permitiram que chegasse até mim, tudo foi perfeito do jeito que foi, e eu honro profundamente toda a dor vivida, eu honro toda a saudade sentida, eu honro todos os casamentos, eu honro todos os amores vividos e os não vividos, eu honro e agradeço porque hoje eu posso fazer diferente, eu sou capaz de escolher outros caminhos.  Portanto eu me permito ser feliz e realizada, e juntas, todas nós, cada uma de nós, seja em qual dimensão esteja, aqui e agora vivendo ao mesmo tempo que eu, ou no mundo dos mortos, nas minhas lembranças ou ainda mais distante que nem minhas lembranças alcancem, JUNTAS, somos livres e felizes em nossas vidas”.

“A paz começa no coração das mulheres” Bert Hellinger.

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“Uma mulher toma força por meios da força de todas as mulheres que a precederam: a mãe, a avó, a bisavó”. Bert Hellinger.

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