Robert Redford morre aos 89 anos e deixa legado eterno no cinema mundial
O cinema perdeu uma de suas personalidades mais emblemáticas com a morte do diretor, produtor e ator norte-americano Robert Redford, aos 89 anos. Seu espírito partiu desse mundo após habitar seu corpo físico enquanto ele dormia, nesta segunda-feira (16), em sua casa em Sundance, estado de Utah. A morte teve confirmação por Cindi Berger, diretora executiva da Rogers & Cowan PMK, que destacou, sobretudo, o adeus sereno do artista.
Uma despedida silenciosa
Ao contrário do coração de Hollywood, que pulsa conforme o tremor dos palcos, luzir dos refletores e aplausos, Redford partiu como muitos de seus personagens memoráveis terminavam suas jornadas nas telas: discretamente. Teve seu “the end” sem alardes, envolto em um sopro de eternidade. Por perto, estavam amigos e familiares, próximos à casa onde ator se refugiava desde aos anos de 1980, em meio a árvores e montanhas.
O início de uma lenda
Nascido em 18 de agosto de 1936, em Santa Monica, Califórnia, Charles Robert Redford Jr. cresceu em uma família modesta. Nos anos 1950, atravessou as portas do teatro e da televisão. Entretanto, encontrou a química perfeita no cinema, seu palco definitivo.

Em “Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969)”, com Paul Newman, estrelando um gênero que ficou marcado como “spaghetti western” (faroeste espaguete) | Reprodução
Nos anos de 1960 e 1970, sua imagem de beleza clássica e olhar de rebeldia deu corpo a filmes que se tornaram referências Por exemplo, Butch Cassidy and the Sundance Kid (1969), The Sting (1973) e All the President’s Men (1976).
Cada personagem interpretado parecia ganhar vida própria, como se as telas respirassem através dele.
Entre câmeras e bastidores
Redford não se limitou à frente das câmeras. Em 1980, estreou como diretor em Ordinary People, obra que conquistou quatro Oscars, incluindo Melhor Diretor e Melhor Filme. Essa vitória consolidou um novo capítulo em sua carreira: o de cineasta comprometido com histórias humanas, íntimas, muitas vezes dolorosas.
No entanto, talvez seu maior gesto cultural tenha sido a criação do Sundance Institute e do Sundance Film Festival, no início da década de 1980. A iniciativa transformou o estado de Utah em referência mundial para o cinema independente, revelando novas gerações de diretores, roteiristas e atores que encontraram espaço onde antes só havia silêncio da indústria.
Um ativista da arte e do planeta
Ao longo da vida, Redford uniu sua notoriedade artística ao ativismo. Ambientalista convicto, defendeu florestas, parques e comunidades ameaçadas pela exploração econômica. Essa ligação com a terra se refletia no próprio nome de sua propriedade em Utah: Sundance, que se tornou sinônimo de resistência, criatividade e experimentação.
Cada filme produzido ou projeto apoiado, carregava um chamado à responsabilidade humana. Já que isso lhe exigia falas públicas, Roberto aproveitava os espaços de que insistia em lhe ouvir em devesa do planeta e das narrativas invisíveis.
Vida pessoal e perdas
Em 1958, casou-se com Lola Van Wagenen, com quem teve quatro filhos. Sofreu perdas irreparáveis: o bebê Scott morreu logo após o nascimento e James Redford, cineasta e ativista, faleceu em 2020. Em 2009, uniu-se à artista plástica Sibylle Szaggars, com quem viveu seus últimos anos em Utah.
As marcas da dor pessoal nunca impediram sua devoção à arte. Ao contrário, reforçaram em suas obras a sensibilidade diante da fragilidade da vida.
Últimos anos de carreira
Mesmo após anunciar aposentadoria como ator em 2018, com The Old Man & the Gun, Redford continuou ativo como produtor e apoiador de projetos independentes. Sua imagem, mesmo já eternizada em vários cartazes e memórias, refletia o caminhar de quem transitava entre estrelas, sem perder os pés no chão.
Seu último grande papel no cinema foi o da resistência contra o esquecimento. Pois ao fundar a Sundance, assegurou que histórias pequenas tivessem voz. Acima de tudo, em um mundo repleto de narrativas gigantes.
Legado imortal
Robert Redford deixa atrás de si não apenas filmes, mas uma constelação de ideias e gestos. Ele transformou a indústria cinematográfica não só em um espaço mais diverso, tal qual mais aberto e humano. Em suma, sua partida encerra um ciclo. Porém, o eco de sua presença seguirá nos diálogos, imagens projetadas e nos festivais que continuam a pulsar sob seu nome.