ColunistasVicente Dattoli

A culpa é só dele?

A seleção brasileira perdeu, pela primeira vez nas Eliminatórias, para a Colômbia. Também pela primeira vez nas Eliminatórias, o Brasil sofreu duas derrotas consecutivas. A seleção brasileira ocupa um modesto quinto lugar na classificação (seria sexto se o Equador não tivesse de pagar uma punição de três) das Eliminatórias – mesmo assim, até aqui, está com vaga assegurada para a Copa do Mundo de 2026, nos Estados Unidos, México e Canadá (não, não escrevi errado: serão três países sediando, sim).

De quem é a culpa? Do treinador, é claro. Será mesmo?

Vamos começar pelo primeiro item. Nos três últimos jogos do Brasil contra a Colômbia, pelas Eliminatórias, em território colombiano, o Brasil não venceu. Foram três empates. Ou seja, nem mesmo com o ex-treinador, que ganhava facilmente dos rivais do continente, mas perdia para europeus, tínhamos vida fácil. Por esta afirmativa, não podemos culpar, de pronto, o novo treinador – que é interino, sempre importante lembrar.

Perder duas seguidas é feio, mesmo. Só que ambas as derrotas aconteceram com o Brasil como visitante – normalmente a Conmebol faz um fora/um dentro, o que não aconteceu nesta sequência ruim do Brasil. E para que não digam que estou passando pano, lembro, sem nenhum orgulho, que nosso último jogo dentro de casa foi um triste empate contra a Venezuela, ou seja, jogar com a torcida a favor não é garantia de nada.

Com relação à classificação… Falta tanta coisa acontecer, tantos jogos a realizar (estamos na quinta rodada de um torneio que terá 18 jogos), que não vale a pena pensar se estamos em segundo, quarto ou sexto – se estivéssemos em oitavo, sem chances, tudo bem, mas não é hora de alarmismo. E para completar minha aparente defesa do treinador, poderia dizer que ele tem enfrentado uma série de contusões que está desfalcando o time.
Poderia, porque não acho, com sinceridade, que devamos continuar exaltando a neymardependência. O destino (e a grave contusão sofrida por Neymar) talvez esteja apontando que é hora de Fernando Diniz (ou Carlo Ancellotti) começar a pensar numa seleção brasileira sem este camisa 10. Não vejo Rodrygo como o futuro dono da amarelinha número 10 (talvez Endrick), mas Neymar… Acho que já deu.

E, finalmente, devemos lembrar que o estilo de jogo que Fernando Diniz tenta implantar depende de treino, muito treino. E treino é uma coisa que ele não teve tempo, até agora, de realizar. Claro que ele sabia deste “pequeno” inconveniente quando aceitou o convite. Claro, também, que seu sistema não consegue ser assimilado no “papo trainning” de Joel Santana ou Abel Braga. Tempo, tempo e mais tempo é o que Diniz precisa.

Na próxima rodada, o adversário será simplesmente a campeã do mundo, com o melhor jogador do mundo no time. E num Maracanã lotado de “torcedores modinha”, aqueles que vão para o estádio querendo pipoca para comer de garfinho, reclamam se alguém levanta num lance perigoso e não tem disposição para cantar os 90 minutos apoiando o time. Um empate não pode ser considerado ruim. Só que aí serão quatro jogos sem vitória. Será que a culpa é apenas do treinador?

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