A cidade do Rio de Janeiro, berço de uma das paisagens urbanas mais complexas do Brasil, guarda entre suas belezas naturais três das maiores favelas do país. Dados da recém-divulgada atualização do Censo 2022 pelo IBGE revelam um cenário de densidade populacional alarmante na capital fluminense. Nesse sentido, a Rocinha desponta como maior favela do Brasil, com 72.021 moradores, liderando um ranking nacional não tem encantos mil.
Mas o que chama atenção não se trata apenas do número de habitantes. Dessas três comunidades, duas estão sob o domínio do tráfico de drogas, enquanto uma é reduto da milícia. Desse modo, forjam um tripé de poder paralelo que assombra a capital fluminense.
O levantamento do IBGE trouxe à tona o alcance das favelas em território nacional: são 16.390.815 habitantes distribuídos por 12.348 comunidades, presentes em 656 municípios. Em meio a essa distribuição, as três gigantes cariocas se destacam. Não somente pela população, mas pela realidade desafiadora que enfrentam. Principalmente, por estarem sob domínios de criminosos e disputas de facções que ditam regras no lugar do poder público.
+ MAIS NOTÍCIAS DO RIO DE JANEIRO? CLIQUE AQUI
Na zona sul do Rio, a Rocinha emerge como um fenômeno urbano. Afinal, se fosse uma cidade, superaria em população 5.112 dos 5.570 municípios brasileiros, ocupando a posição de 459ª maior. É um formigueiro de moradores, onde, dia após dia, vidas se desenrolam entre a falta de infraestrutura e o domínio do tráfico, que ocupa as lacunas deixadas pelo poder público.
Top 20 das favelas: uma radiografia da urbanização à margem
As 20 maiores favelas do Brasil abrigam juntas 858,6 mil pessoas – 5,2% de toda a população em comunidades. Destas, além das três gigantes cariocas, oito estão na região Norte, sete no Sudeste, quatro no Nordeste e uma no Centro-Oeste. A lista destaca a Rocinha no topo, seguida pelo Sol Nascente, em Brasília, com 70.908 moradores, e Paraisópolis, em São Paulo, com 58.527.
No Rio de Janeiro, Rio das Pedras ocupa a quinta posição, com 55.653 habitantes, sendo a maior favela controlada pela milícia, enquanto o Jacarezinho, com quase 30 mil habitantes, é também um território onde o tráfico dita regras. Essas comunidades, onde o Estado é ausente ou apenas simbólico, revelam uma urbanização sem precedentes, alimentada pela desigualdade e pela falta de políticas habitacionais eficientes.
A força das favelas nos números de domicílios
O Censo 2022 também revela dados sobre a quantidade de domicílios nas comunidades. A Rocinha, mais uma vez, lidera, com 30.371 residências, muito à frente da 20ª colocada, a Colônia Terra Nova, em Manaus. No Rio, além da Rocinha, Rio das Pedras ocupa o segundo lugar, com 23.846 domicílios, reafirmando seu tamanho e densidade.
Poderes paralelos e ausência do Estado
No Rio, a realidade das favelas não é meramente uma questão de números. Enquanto a Rocinha e o Jacarezinho enfrentam o cerco do tráfico, Rio das Pedras representa o braço armado da milícia, que controla a comunidade com punho de ferro. Cada uma dessas favelas representa uma face do abandono, onde milhares de pessoas vivem à margem do desenvolvimento urbano e reféns de poderes que não reconhecem fronteiras ou direitos.
O estudo do IBGE expõe uma radiografia incômoda: um Brasil onde quase 17 milhões de pessoas residem em comunidades sem segurança jurídica, com serviços públicos escassos e infraestrutura precária. Essas favelas são um reflexo gritante das desigualdades sociais e dos desafios que o país insiste em deixar para trás.
+ MAIS NOTÍCIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO? CLIQUE AQUI