A Polícia Federal iniciou investigações sobre a contaminação de seis pacientes por HIV após transplantes de órgãos no Rio de Janeiro. O caso, sem precedentes no estado, envolve falhas graves em exames realizados por um laboratório terceirizado. Além da PF, o Ministério Público, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e outras entidades acompanham a apuração dos fatos.
O foco da investigação é a atuação do laboratório PCS Lab, contratado por licitação, cujos exames de sangue dos doadores apresentaram resultados falsos negativos para HIV. O incidente gerou preocupação entre autoridades de saúde pública e abriu caminho para uma força-tarefa envolvendo diferentes esferas do governo.
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O laboratório PCS Lab, localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi o responsável pela análise dos exames dos doadores. A empresa prestava serviços para a Fundação Saúde, mas teve suas atividades suspensas após a descoberta da falha. Desde então, os testes foram transferidos para o Hemorio, que utiliza o método NAT, desenvolvido pela Fiocruz, para garantir maior precisão nos resultados.
O caso veio à tona quando um dos pacientes contaminados testou positivo para HIV há cerca de um mês, apontando a possibilidade de falha nas triagens iniciais. A SES confirmou que nenhum dos pacientes estava infectado antes dos transplantes.
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A investigação se aprofundou após a revelação de que sócios do PCS Lab são parentes do deputado federal Dr. Luizinho, ex-secretário estadual de Saúde. Um dos sócios, Matheus Teixeira Bandoli Vieira, é primo do parlamentar, enquanto o outro sócio, Walter Vieira, casado com uma tia de Dr. Luizinho, foi afastado de cargo público nesta sexta-feira (11).
Vieira também atuava como presidente do Comitê de Vigilância de Óbitos Maternos e Fetais em Nova Iguaçu, embora de forma não remunerada. As ligações familiares entre os sócios e o ex-secretário aumentaram a pressão sobre a investigação, que busca esclarecer se houve irregularidades na contratação do laboratório.
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A Secretaria Estadual de Saúde classificou o caso como “inadmissível” e acionou a Polícia Civil para iniciar um inquérito na Delegacia do Consumidor (Decon). O objetivo é investigar possíveis crimes relacionados à saúde pública. O Cremerj (Conselho Regional de Medicina) também abriu sindicância para apurar as falhas nos exames.
O Ministério da Saúde confirmou que, além dos seis pacientes, dois dos doadores também estavam infectados. Por isso, determinou a reanálise de todos os exames realizados pelo PCS Lab durante o período investigado. A auditoria será conduzida pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS), que vai examinar tanto a execução dos transplantes quanto o processo de contratação do laboratório.
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O Ministério Público do Rio instaurou um inquérito civil por meio da 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde. O órgão solicitou à SES cópias das sindicâncias e laudos de inspeção no laboratório, além de exigir da Anvisa documentos sobre as vistorias realizadas. As investigações seguem em sigilo para proteger dados sensíveis dos pacientes.
Além da contaminação, o MP também vai apurar se houve irregularidades no processo de contratação do PCS Lab, uma vez que o contrato ocorreu durante a gestão de Dr. Luizinho na Secretaria de Saúde.
Em comunicado, o PCS Lab garantiu que está colaborando com as investigações e que já iniciou uma sindicância interna para apurar as falhas. A empresa assegurou que todos os procedimentos seguiram as recomendações do Ministério da Saúde e da Anvisa. Além disso, informou que prestará suporte médico e psicológico aos pacientes afetados e suas famílias.
Dr. Luizinho se pronunciou sobre o caso, afirmando que conhece o laboratório há mais de 30 anos e lamentando profundamente o ocorrido. Ele negou qualquer envolvimento na contratação do PCS Lab durante sua gestão e declarou que a equipe responsável pelos transplantes foi mantida da administração anterior.
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