Por André Freitas e Angélica Carvalho
Um dia após o desabamento da fachada superior do Centro Comercial Icaraí, na Zona Sul de Niterói, a reportagem do Folha do Leste esteve na Rua Engenheiro Guilherme Greenhalgh para verificar a extensão dos danos. Segundo informações divulgadas pelo próprio condomínio, o desabamento decorre de uma obra que acontecia no terceiro andar, numa unidade privada e pertencente a um único proprietário.
Conforme apuração do FOLHA DO LESTE, tal obra seria para instalação de uma academia. Comerciantes que conversaram com a nossa reportagem disseram que, no local, não havia nenhuma placa de obra. Apenas, muito barulho.
“Estamos entrando em contato com os engenheiros civis responsáveis pela obra de acordo com o ART emitido e com o proprietário do 3º Andar para averiguar as causas”, afirma o Centro Comercial Icaraí.
Ao chegarmos ao local, por volta de 11h da manhã, diversos lojistas estavam reunidos em frente ao prédio. Muitos aparentavam um misto de preocupação, nervosismo e desespero compreensíveis para quem se encontra numa situação de prejuízo da noite para o dia.
O condomínio da edificação afirma que está em dias com todas as obras de conservação. E que a interdição persiste devido às estruturas de concreto e ferro que estão penduradas na fachada, podendo cair e atingir os transeuntes.
“A administração já entrou em contato com a Defesa Civil que determinou a retirada imediata das estruturas, que está sendo providenciada para desinterditar o local”, asseveram.
Além dos lacres
Por alguns instantes, tentávamos compreender o que estava acontecendo ao passo que avistamos pessoas entrando e saindo do prédio do Centro Comercial. A princípio, pareciam estar violando os lacres de interdição da Defesa Civil, que circundavam todos os acessos e calçada da edificação. No entanto, diziam ter recebido autorização para remover alguns de seus pertences de dentro do espaço.
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Um comerciante, que preferiu não se identificar, disse que a Defesa Civil esteve mais cedo no local e, verbalmente, liberou a entrada de na edificação interditada.
“Deixaram que entrássemos de dois em dois, por um tempo de, no máximo, 40 minutos, para cada dupla”, disse.
Essa versão teve confirmação à nossa reportagem por parte de um representante do condomínio. Porém, durante nossa presença no local, entre 11h e 12h, não havia nenhuma fiscalização desse acesso por parte do poder público.
Inclusive, muitos comerciantes ficaram reunidos numa área que estava isolada, conversando entre si, lamuriosos.
Interdição mantida
Segundo a Defesa Civil de Niterói, uma nova vistoria realizada nesta manhã manteve a edificação segue interditada, assim como a área do passeio público sob a fachada onde ocorreu o colapso parcial. O órgão disse ainda, à nossa reportagem, que solicitou documentos referentes às obras do local. Por fim, a Defesa Civil diz que a Secretaria está elaborando o relatório sobre o caso.
A reportagem do Folha do Leste perguntou à Prefeitura de Niterói se a secretaria de Obras tinha ciência dessas obras, assim como quando eventual mente teriam sido aprovadas. Igualmente, indagamos se a fiscalização de obras da Prefeitura estava realizando o devido acompanhamento ou, caso contrário, a quem competiria esse trabalho fiscalizatório. Infelizmente, não recebemos nenhuma resposta até o fechamento desta reportagem, às 21h08.
Drama de microempreendedores
O Centro de Compras Icaraí, um dos mais antigos e tradicionais da cidade, apelidado de “Shopping das Galinhas”, abriga diversos negócios de prestação de serviço. Principalmente, de titularidade de microempreendedores individuais. A maior parte deles paga aluguel. Porém, dependem do espaço aberto para o seu sustento.
No sábado, quando encerraram seus expedientes, não poderiam supor, nem no pior de seus pesadelos, que dariam início a uma nova semana evacuando suas lojas. Registramos tais cenas para mostrar o quanto uma eventual irresponsabilidade na obra ou falta de fiscalização dela podem proporcionar de danos a terceiros.
E não nos referimos apenas aos prejuízos materiais. Contudo, tais pessoas, tiveram – e terão de lidar – com o sofrimento e a agonia imponderável da incerteza de seus futuros. Até em razão de não haver sequer prazo para a reabertura do condomínio, interditado até que se estabeleçam condições de segurança. Logo, se tal situação depende da certeza de que outro desastre não aconteça, visando preservar vidas, a reabertura depende de uma conjunção de fatores nesse sentido.
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