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Não é demais, não?

Não é demais, não?

Foto: Mailson Santana – Fluminense

Nos anos 90 do século passado, para ser preciso em 1995, o Tribunal de Justiça da União Europeia decidiu que jogadores dos países integrantes daquele grupo não poderiam ser considerados estrangeiros quando contratados para atuarem na região compreendida pelo pacto. Assim, um espanhol jogaria na Itália com os mesmos direitos de um italiano; um italiano seria local se contratado para atuar na França e por aí seguia a carruagem.

Com isso, e com o dinheiro sobrando, formaram-se verdadeiras seleções nacionais transnacionais pelos times que possuíam grana para contratar.

O Brasileiro de 2024 tenta caminhar pelo mesmo caminho.

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Explica-se: cada clube poderá escalar até nove estrangeiros a cada partida do torneio nacional que começa neste sábado. Isso mesmo: do goleiro ao ponta-esquerda, seu time do coração poderá ter, por exemplo, três argentinos, dois uruguaios e quatro colombianos ao lado de dois jogadores made in Brazil, do “terrão corintiano” ou da “fábrica de craques de Xerém”. E dane-se o futuro da seleção canarinho, que desde 2002 não arruma nada em uma Copa do Mundo. A decisão, pasmem, passa também pelo lado econômico, afinal de contas, somos a locomotiva do futebol no continente.

Temos diversos jogadores de qualidade importados do vizinhos hermanos. Negar isso seria absurdo e incoerente. Temos, porém, muitos desconhecidos, que surgem do nada e não acresçam nem em qualidade, nem em disposição, em vários clubes da Série A do Brasileiro. São contratações boas para quem? Empresários? Dirigentes sem noção? Jornalistas que podem fazer perfis analisando quem são os novatos? Difícil cravar a resposta certa.

Da mesma forma que vivemos a descontrolada importação de treinadores (normalmente portugueses, pela facilidade do idioma), daqui a pouco discutiremos se essa liberação tão grande de estrangeiros afetará o nosso futebol. Não temos histórico de aguerrimento como argentinos e uruguaios.

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Também não somos tão artistas quanto os colombianos (que sempre se mostraram festivos em excesso, sem conquistar resultados). Então, qual será o rumo que adotaremos a partir de agora com essas importações

Contratações são para jogar. Que treinador desafiará seu cartola empregador e deixará de fora um estrangeiro contratado? Percebem como é complicada a situação? Aliás, neste sentido vale a pena a CBF começar a pensar em reservar uma sala em sua entidade para o Itamarati, nosso ministério das Relações Exteriores. Os clubes, que tratem de contratar também professores de espanhol. E nem começamos a pensar, ainda, em jogadores vindos da África e da Ásia…

 

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