Não teve gol, não teve ace, nem cesta de três pontos. Ou recorde batido. Não se pode negar, porém, que sobrou emoção na cerimônia do Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil, realizada na noite desta quinta-feira, em São Paulo.
Oito grandes nomes do esporte nacional deixaram suas marcas (mãos ou pés) na galeria dos heróis brasileiros: Ricardo Prado (natação), Renan Dal Zotto (vôlei), Zagallo (futebol), Manoel dos Santos (natação), Marcelo Ferreira (vela), Walter Carmona (judô), Yane Marques (pentatlo moderno) e Melânia Luz (homenagem póstuma, atletismo).
Emocionante!
Apresentado pelo ator Murilo Rosa, que fez questão de exaltar sua condição de ex-atleta do taekwondo (disputou um Mundial, como contou), o prêmio foi emoção do início ao fim.
O primeiro a ser chamado ao palco foi o ex-nadador Ricardo Prado, medalha de prata em Los Angeles (1984), mas participante de Jogos Olímpicos desde 1980 (Moscou), com apenas 15. Seu texto de apresentação, como queiram chamar, foi lido por sua sobrinha, Aline Prado de Almeida – que não conseguiu conter a emoção ao falar do tio. Detalhe: a trilha sonora que receberia os premiados foi escolhida por eles.
Um a um, com exceção de Zagallo que teve um vídeo exibido e seu currículo falado pelo apresentador, todos os demais homenageados foram lembrados por filhos, maridos ou esposas e tinham suas trajetórias narradas com o carinho que apenas quem está ao lado, no dia a dia, sofrendo e vibrando, pode passar.
Foi assim com a pernambucana Yane Marques, bronze no pentatlo moderno em 2012 (Londres) – foi prata no Mundial de 2013, bronze no Mundial de 2015, ouro no Pan 2007 e porta-bandeira do Brasil na abertura da Rio 2016. Como fez questão de ressaltar seu marido, Renato Barbosa, faltava ali a filha de três anos e meio.
Se a homenagem póstuma a Melânia Luz foi apresentada por Janeth Arcain, que chamou ao palco Maria Emília, a filha da primeira mulher negra a representar o Brasil em uma Olimpíada (Londres, 1948), quando foi duplamente semifinalista e bateu o recorde sul-americano no revezamento 4x100m, coube ao filho de Manoel dos Santos, Marcelo Santos, falar de seu pai – frisando a dificuldade de fazê-lo. Paulista do interior, Manoel dos Santos disputou os Jogos de 1960 (Roma) e ganhou bronze nos 100m livre – chegou a liderar a prova. Em 1961, no Rio de Janeiro, estabeleceu o recorde mundial que duraria três anos.
Companheiras
Para a parte final, foi a vez de as esposas darem o tom da emoção – e da paixão pelos seus maridos vencedores. Com dois ouros (Atlanta e Atenas) e um bronze (Sidney), o velejador Marcelo Ferreira teve como anfitriã a “sortuda” Renata (assim ela se definiu), falando dos exemplos que Marcelo dá para toda a família. Márcia Carmona, lembrando estar com o judoca Walter Carmona há 43 anos, ressaltou que 1984 foi marcante para ele: casaram e ele conquistou sua medalha olímpica (bronze em Los Angeles).
Em Seul, Carmona foi o porta-bandeira da delegação brasileira na Olimpíada.
A última homenagem da noite foi, talvez, a mais impactante e emocionante. Foi a vez de Renan Dal Zotto, do vôlei – prata em Los Angeles. Recebido pela mulher Annalisa, com quem está junto há 35 anos, Renan lembrou que há dois anos, nesse dia, ele iniciava sua recuperação de um quadro gravíssimo de Covid, que o deixou entubado e no CTI a poucos dias da participação do Brasil nos Jogos de Tóquio – nos quais seria treinador da equipe masculina. Renan lembrou que teve de recomeçar a vida, com o apoio de amigos e familiares. Vida agora eternizada no Hall da Fama do esporte nacional.
TODOS OS OUTROS MEMBROS DO HALL DA FAMA DO COB
Torben Grael (vela)
Sandra Pires e Jackie Silva (vôlei de praia)
Vanderlei Cordeiro de Lima (atletismo)
Maria Lenk (natação)
Guilherme Paraense (tiro esportivo)
João do Pulo (atletismo)
Sylvio Padilha (atletismo)
Chiaki Ishii (judô)
Paula (basquete)
Hortência (basquete)
Joaquim Cruz (atletismo)
Bernardinho (vôlei)
José Roberto Guimarães (vôlei)
Adhemar Ferreira da Silva (atletismo)
Aída dos Santos (atletismo)
Aurélio Miguel (judô)
Bernard Rajzman (vôlei)
Reinaldo Conrad (vela)
Sebastián Cuattrin (canoagem velocidade)
Tetsuo Okamoto (natação)
Wlamir Marques (basquete)
Nelson Pessoa (hipismo saltos)
Gustavo Borges (natação)
Fofão (vôlei)
Servílio de Oliveira (boxe)
Rogério Sampaio (judô)