
Foto: Divulgação
Cerca de 200 pessoas participaram de um mutirão de limpeza realizado no último sábado (23) na Praia do Leme, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A ação, liderada pelo movimento ambiental “Revolução das Bitucas”, marcou o lançamento de uma campanha de conscientização que tem como objetivo recolher um milhão de guimbas de cigarro das areias da orla carioca até o final do próximo ano.
Em apenas uma hora, o grupo conseguiu recolher 6 mil bitucas, que foram prontamente encaminhadas para reciclagem. A iniciativa conta com o apoio da concessionária Orla Rio e do instituto Route Brasil e prevê grandes ações mensais em diversos pontos da cidade em 2024.
Além disso, está nos planos da “Revolução das Bitucas” a realização de mutirões subaquáticos e a disponibilização de kits de limpeza nos quiosques para que os voluntários possam participar das ações.
“A limpeza da orla sempre foi uma questão muito importante para mim. Por isso, comecei a catar bitucas durante uma hora por dia nas praias do Leme e Copacabana. Com o tempo, o movimento surgiu e mais voluntários e amigos se juntaram a nós. Retiramos 25 mil guimbas de cigarro das areias da orla em apenas 30 dias”, explicou Bernardo Egas, criador e coordenador da ação, além de ex-secretário municipal de Meio Ambiente.
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O projeto de lei 2.635/2023, de autoria do deputado federal Marcelo Queiroz, está em trâmite na Câmara dos Deputados e propõe que as empresas fabricantes de cigarro sejam responsáveis pelos custos de limpeza das bitucas lançadas nas ruas e praias. Caso seja aprovado, serão estabelecidas medidas de prevenção e reciclagem dos resíduos.
“Nada mais justo do que as empresas produtoras se responsabilizarem pelo dano ambiental causado pelas bitucas. A questão da logística reversa já funciona no Brasil, mas o setor tabagista ainda não foi regulamentado. Essa medida já é adotada na Espanha, por exemplo. Não faz sentido que nossas praias, que são cartões-postais, estejam tomadas por guimbas de cigarro nos dias de hoje”, explicou o deputado Marcelo Queiroz, autor do projeto.
A “Revolução das Bitucas” reúne ambientalistas, ativistas, jornalistas, designers e a população em geral para dar a devida destinação aos resíduos, que contêm substâncias nocivas como acetato de celulose, alcatrão e produtos químicos do tabaco.
“A questão das bitucas é pouco falada, mas elas são os resíduos mais encontrados nas praias. É preciso conscientizar urgentemente a sociedade sobre os malefícios dessas guimbas de cigarro e colocar o assunto na pauta da saúde pública”, afirma Simão Felippe, empresário do instituto Route Brasil.
Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em 2020 revelou que os banhistas que frequentam as praias brasileiras dividem o espaço, em média, com mais de 200 mil bitucas a cada trecho de 8 km. Por esse motivo, amantes da natureza e ambientalistas estão engajados na causa e acreditam que a colaboração entre diversos projetos, como o Rebituca Rio, é fundamental para reduzir a quantidade de guimbas descartadas nas praias.
“Estamos dando a destinação correta para as bitucas, transformando-as em objetos como pranchas de surfe e bituqueiras, que poderão ser distribuídas nos quiosques aos clientes fumantes, evitando assim que as guimbas sejam jogadas nas areias”, disse a ambientalista Adriana Cassas, que associou seu projeto à “Revolução das Bitucas”.