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Botafogo: da liderança isolada à incerteza no título

Botafogo: da liderança isolada à incerteza no título

Há três meses, dois talvez, se alguém dissesse que o Campeonato Brasileiro chegaria às quatro últimas rodadas com seis times disputando o título certamente seria chamado de maluco. O Botafogo dava as cartas, parecia reinar absoluto. No futebol, porém, existem algumas máximas. Uma delas é que certas coisas só acontecem com o Botafogo. Pois é… Líder em mais de 80% das rodadas, o alvinegro carioca chega à reta final num modesto segundo lugar. E não estranhem o modesto, não: qualquer um de seus torcedores, hoje, dirá que o time não briga mais pelo título nacional, conquistado pela última vez em 1995.

Na realidade, fica difícil dizer o que efetivamente só acontece com o Botafogo. A virada de fio que levou o time a perder os 13 pontos de vantagem ou o atual rendimento da equipe. Explico: se formos olhar, criteriosamente, o elenco do Botafogo, podemos dizer que o segundo lugar é resultado de uma campanha acima da média. Quem, em sã consciência, pode dizer que o Botafogo tem um grupo mais qualificado do que o Palmeiras ou o Flamengo? Superar, individualmente, o Atlético Mineiro e o Grêmio também é um feito. Sendo assim, qual seria o verdadeiro Botafogo neste Brasileiro? Arrisco dizer que nem aquele que nadou de braçada no primeiro turno, nem este, com campanha de rebaixado do returno.

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Se os leitores forem buscar textos mais antigos aqui nesta Folha do Leste verão que citamos estar o Botafogo surfando no campeonato único. Enquanto Palmeiras, Atlético Mineiro, Flamengo e Grêmio (para citar apenas aqueles que estão embolados nas primeiras colocações, mas poderia falar também em São Paulo e Fluminense) estavam jogando duas e até três competições simultaneamente, o Botafogo abria vantagem. Os jogadores da Estrela Solitária não tinham responsabilidade pelas ambições dos rivais e faziam a sua parte. E é nesta frase (“faziam a sua parte”) que reside a controvertida participação do Botafogo.

Quando os outros começaram a “fazer as suas partes”, dedicando-se com exclusividade ao Brasileiro, foi o Botafogo quem esqueceu o dever de casa. E, por favor, não me falem em contusões, suspensões ou outras mazelas. Todos os 20 times que participam do torneio passaram por isso. Problemas com arbitragem? Alguns mais, outros menos (e o Botafogo não está entre os mais), todos sofreram com isso também. Onde estaria, então, a bifurcação que levou o Botafogo ao caminho errado e hoje o afasta da luta pelo título nacional? Terá sido apenas a mudança dos portugueses no comando da equipe?

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Não custa lembrar que, durante o Campeonato Carioca, Luiz Castro foi diversas vezes xingado pela torcida alvinegra. O Botafogo ficou de fora das fases decisivas, lembram? Quando o jardim do Brasileiro estava repleto de flores, diziam que o Estadual fora “um campo de experiências”. Agora que temos um cenário de terra dizimada, o que falar? Percebem como o Botafogo não é aquele da vantagem “inalcançável”, nem este “rebaixável”? E o que dizer do dono/presidente/quase torcedor que atendeu pedido de jogadores, mandando treinador embora e colocando o escolhido (dos jogadores) para comandar o time?

O Botafogo, apesar de seus sempre céticos e pessimistas torcedores discordarem, ainda reúne chances para ser campeão brasileiro. Ou de chegar, ao menos, à Libertadores de 2024 – o que, hoje, nada mais seria do que um pobre prêmio de consolação. Pode, porém, numa situação extrema de infelicidade, ficar apenas na chamada pré-Libertadores. E, o pior: talvez vendo um de seus maiores rivais, que foi devidamente achincalhado durante todo o Brasileiro (é do jogo, tá valendo), sagrar-se campeão numa arrancada espetacular. Seria o caso, definitivamente, de aceitar que algumas coisas, realmente, só acontecem com o Botafogo.

 

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