
Foto: Wander Roberto – Inovafoto – CBV
De insubstituíveis, sabemos todos, pelo menos no âmbito profissional, o inferno está cheio, diz a voz popular. Sentimentalmente existe, sim, a figura do insubstituível, mas profissionalmente… O tempo vai passar e logo não mais se vai lembrar de quem ocupava aquele cargo, exercia aquela função, trabalhava desta ou daquela forma. Certamente isso irá acontecer com Renan Dal Zotto, até a tarde deste domingo, 8 de outubro, treinador da seleção masculina de vôlei.
Acompanho (e peço desculpas pela primeira pessoa) a carreira de Renan desde o Sul-Americano de Clubes Campeões de 1981. Isso mesmo… São 42 anos, como torcedor, jornalista da chamada grande imprensa, e como assessor da Confederação Brasileira de Vôlei que fui, por exemplo, quando Bernardo Rezende, o Bernardinho, assumiu a equipe masculina no hoje quase distante 2001. Renan estava na delegação com um cargo que não lembro o nome.
“Leia mais notícias de Vicente Dattoli aqui”
Lembro, porém, que saindo da Holanda, rumo à Alemanha, usamos, ele e eu, nossos passaportes europeus para “furar a fila” da imigração em Amsterdã e não perder o voo rumo a Berlim. O tempo passou, ele lutou, bravamente, pela vida contra a Covid, e eu fiquei de longe, só lembrando do jovem que fez a mãe ficar orgulhosa, naquele 1981, também no Maracanãzinho, quando as meninas brilhavam os olhos com seu jogo e sua beleza.
Renan deixou o comando da seleção brasileira após a classificação para Paris. Uns dirão que saiu por cima; outros lembrarão da perda do Sul-Americano, em Recife, há pouco mais de um mês. Nenhum dos lados estará errado. Renan saiu por cima com a vaga, mas sempre será lembrado pela derrota diante dos argentinos. A única a nível continental. Só que o Brasil já está em Paris, a Argentina ainda não – e talvez nem vá.
“Leia mais notícias de Vicente Dattoli aqui”
No comunicado oficial está escrito que Renan comunicara, ainda no sábado, que deixaria a seleção por motivos de saúde e após conversas com a família. Elegante, como era seu jogo. E forte. Como técnico da equipe masculina do Brasil, foi prata e bronze em Mundiais (2018 e 2022, respectivamente), ouro na Copa dos Campeões (2017) e na Copa do Mundo (2019). Além de ouro (2021) e prata (2017) na Liga das Nações. Nada mal, não é mesmo?
E vou encerrar o texto mantendo a primeira pessoa, mas passando a bola para que ele, Renan, possa cortar. “Meu amor ao vôlei é eterno. Fiz dele meu ofício e seguirei neste caminho. Quero ver o vôlei brasileiro cada vez maior, porém, neste momento, não me sinto em condições de saúde adequadas para a função. Tenho muito orgulho do que fizemos neste pré-Olímpico. Saio com a certeza de ter dado o meu melhor, todos os dias”, foram suas declarações.
Um craque, um cavalheiro, um campeão, que poderá até ser substituído, mas que certamente vai fazer muita falta.