
Campus Praia Vermelha – Foto: André Freitas/Folha do Leste
Um dia após a Universidade Federal Fluminense (UFF) denunciar ameaças de ataques terroristas pela internet, o clima nos arredores dos campi da instituição, em Niterói, era de tranquilidade. Todavia, o pouco policiamento gerou estranheza, já que, na terça-feira (27), foi anunciado reforço.
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A reportagem do FOLHA DO LESTE percorreu adjacências das unidades da Praia Vermelha e do Gragoatá, na Região Central de Niterói, e não encontrou viaturas da Polícia Militar. O comandante do 12º BPM (Niterói), tenente-coronel Aristheu de Góes, explicou que houve o reforço, mas em horários alternados.
“Não estamos exclusivamente lá. [Estamos com] pontos de baseamento em horários alternados”, explicou o comandante.
Nas últimas horas, não houve registro de ocorrências policiais nas unidades da UFF. A reitoria da instituição já comunicou o caso à Polícia Federal, que iniciou investigação a fim de descobrir os autores das ameaças, enviadas via e-mail a estudantes e alunos da universidade.
Regulamentação de plataformas pode ajudar a prevenir violência
Especialistas ouvidos, na última terça-feira, pelo Grupo de Trabalho (GT) da Câmara dos Deputados, em Brasília, sobre Política de Combate à Violência nas Escolas defenderam a regulamentação e a atuação preventiva de plataformas digitais para coibir os ataques e ameaças, como as ocorridas contra a UFF.

Campus Gragoatá – Foto: André Freitas/Folha do Leste
Representante do Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP), Michele Prado considera imprescindível regulamentar e responsabilizar as plataformas digitais. Ela defende a adoção, pelas plataformas, de mecanismos mais efetivos para coibir a propagação de conteúdos de ódio e de extremismo, como a identificação e remoção de conteúdos que incitem a violência.
“A plataforma própria não designa uma organização como terrorista ou um grupo como extremista. Ela utiliza listas pré-existentes, principalmente de agências supranacionais ou dos próprios países”, explicou.
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Marta Avancini, da Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca), chamou a atenção para o chamado “efeito contágio” que ocorre com a divulgação dos agressores e dos detalhes dos ataques.
Conforme ela, nos últimos 21 anos, foram 22 ataques a escolas no Brasil, cometidos por estudantes e ex-estudantes, resultando nas mortes de 23 alunos, 5 professores e 2 profissionais de educação, além de cinco atiradores que se mataram (dados até abril de 2023).
Discurso contra minorias
Na mensagem encaminhada aos servidores e alunos da UFF, há discursos de ódio, fundamentalismo partidário, religioso e sexista, bem como de promessas de chacina e “mar de sangue”, mediante uma ação descrita pelo terrorista como “heroica faxina”.
Ao divulgar o caso, a universidade pediu que servidores e alunos não entrem em pânico e mantenham as atividades normais. A UFF solicitou que à comunidade que não compartilhe mensagens que possam gerar essa sensação.
*Com Agência Câmara