E o milagre aconteceu – com a ajuda da Turquia, mas aconteceu.
A seleção feminina de vôlei do Brasil derrotou a do Japão por 3 sets a 2 (25/21, 22/25, 27/25, 15/25 e 15/10), em 2h20, em Tóquio, e garantiu a vaga para os Jogos Olímpicos de Paris. Foi uma partida cheia de emoção, com os dois treinadores abusando do uso das jogadoras, buscando alternativas que pudessem levar à vitória. Felizmente, o coletivo brasileiro demonstrou estar um pouco mais ajustado e o time de José Roberto Guimarães acabou levando a vaga, garantindo seu lugar na França em 2024.
No primeiro set, o Brasil entrou com a faca nos dentes. Com menos de três minutos de set o treinador japonês foi obrigado a pedir tempo para parar o Brasil. A equipe brasileira destacou-se no bloqueio, enquanto as japonesas mostravam força no saque. Julia Bergman foi a grande destaque e fechamos com relativa tranquilidade, apesar do equilíbrio no placar. Equilíbrio que desapareceu no segundo set. Dos dois lados. As japonesas chegaram a 8/1. O Brasil lutou, ponto a ponto, e foi buscar um 19/18 depois de o placar chegar a 19/12 para as japonesas. Com 22/22, a atacante Gabi errou o saque abriu o caminho para a vitória das donas de casa, que fecharam com um ace, enlouquecendo os mais de 13 mil torcedores presentes ao Yoyogi.
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O terceiro set talvez tenha sido o melhor resumo do que foi a partida. Parelho, disputado ponto a ponto. O Japão abriu 23/21, mas quis dar uma de malandro e se deu mal. Tentou retardar o início do jogo, quando sacaria para o set, e o time recebeu um cartão amarelo – a partir daí o Brasil reencontrou-se na quadra e fechou com 27/25, para delírio do grupo de brasileiros que, neste momento, calou o ginásio. O ponto decisivo, mais uma vez, foi de Julia Bergman. O quarto set começou com um Brasil desligado. E foi assim até o fim. Em nenhum momento mostramos jogo e a derrota por 25/15 é a demonstração do apagão que tomou conta do time.
A tensão tomou conta das duas equipes no tie breaker. E as japonesas parecem ter sentido o clima. O Brasil fez 3/0 (duas bolas na linha, de Julia Bergman e um ace) e obrigou o treinador japonês a pedir tempo. Elas encostaram. O Brasil abriu 7/4 e o técnico do Japão outra vez parou a partida, ficando, a partir daí, sem opções de interromper o jogo. As japonesas tentaram equilibrar, mas a pressão era grande, afinal, sabiam que uma derrota não só impedia a classificação no pré-olímpico, como dificultava a possibilidade da vaga no futuro – e acabaram baixando a guarda, perdendo por 15/10. A vaga é do Brasil!
“Atingimos nosso objetivo. Sabíamos que seria difícil, mas era o nosso objetivo. Problemas de aclimatação, jogadoras contundidas, tudo o que passamos nestes dias… Jogamos mal o segundo e o quarto sets, mas começamos muito bem o tie breaker e passamos toda a responsabilidade para o Japão, que jogava em casa e sabia que precisava vencer. Agora é trabalhar porque Paris é logo ali”, festejou José Roberto Guimarães, enquanto as jogadoras vibravam, carregando um enorme boneco de pelúcia com a mascote dos Jogos de Paris 2024.