A violência empregada na execução do jovem Matheus da Cruz Peçanha, de 25 anos, na madrugada desta terça-feira (22), em Itaipu, desperta não só medo bem como a necessidade de rápido esclarecimento do crime. Na manhã desta quarta-feira (23), moradores da Rua José Mocarzel, onde a ação aconteceu, ainda estavam assustados com a execução. E as marcas da violência permaneciam por lá, como projetis das armas automáticas empregadas na ação.
À princípio, foram desferidos mais de 60 tiros na execução, com 25 tiros alvejando a vítima. De acordo com a família, o rapaz seria trabalhador e pessoa de bem.
O velório e sepultamento do jovem aconteceram no cemitério do Maruí, no Barreto, Zona Norte de Niterói. Muito emocionada durante o velório, Vânia Cristina, mãe de Matheus, chegou a gritar que, dentre os presentes, “alguém sabia o que havia acontecido com seu filho”. Ela é técnica de enfermagem e mora em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
A uma outra equipe de reportagem, Vânia teria dito que o rapaz fazia planos de ir morar com ela, em Campos, e que a relação com os patrões não estava boa. Ele teria direito ao recebimento de uma apólice de seguros de R$ 13 mil, referentes a uma motocicleta.
Jaqueline Cintia, prima da vítima, disse não dar para acreditar que o primo, tão cheio de vida, tenha partido desta forma:
“Tão lindo, tão carinhoso, sem palavras para descrever, disse.
Motivação
Por quê? Não só os amigos e parentes da vítima, bem como as pessoas de um modo em geral, indagam. Todos querem saber a motivação. O que pode ter dado causa a uma execução tão brutal. A polícia já trabalha no caso.
De acordo com informações apuradas pela reportagem do FOLHA DO LESTE, a polícia já possui imagens do trajeto realizado pelo veículo onde estavam os assassinos do rapaz. Matheus, um trabalhador de 25 anos, residia “de favor” na casa dos patrões, donos de uma lanchonete, na Região Oceânica.
A reportagem exercerá com cautela o repasse das informações, por questão de responsabilidade social. Não se trata de sonegar o direito à informação, mas sim de dedicação para a realidade objetiva dos fatos, ponderada com a supremacia do interesse público e da coletividade.
Muitas informações não oficiais, de fontes aleatórias, dão conta de que o rapaz teria se desentendido com uma mulher com envolvimento junto ao tráfico de drogas de uma comunidade de Itaipu. No entanto, essa versão ainda não tem confirmação. E seria pouco crível, pois se mostra incondizente com a ação praticada. No entanto, colegas de trabalho e pessoas próximas ao rapaz, principalmente as últimas que tiveram contato com ele, serão intimadas para depor.
Medo
Moradores de diversas ruas que integram a Avenida Central e parte do Engenho do Mato vêm relatando, há alguns dias, estarem ouvindo sons de tiros. Com a violência empregada na execução – com o uso de forte armamento automático – teme-se que outras investidas semelhantes possam acontecer, a qualquer momento. Isso porque a vítima não teria relação alguma com tráfico de drogas nem com criminosos de um modo em geral, deixando dúvidas sobre a motivação da execução.
Indícios
Uma fonte da polícia ouvida pelo FOLHA DO LESTE revelou que os investigadores já sabem de onde saiu o carro com os elementos fortemente armados. Trata-se de uma comunidade cada vez mais dominada pelo tráfico de drogas na região. Eles teriam, inclusive, seguido a vítima, do trabalho até sua casa.
Oficialmente, a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG) investiga a morte de Matheus da Cruz Peçanha. A perícia foi feita no local. Diligências estão em andamento para identificar a autoria do crime.