Flamengo desperdiça título mundial nos pênaltis e PSG fatura taça no Catar

Flamengo desperdiça título mundial nos pênaltis e PSG fatura taça no Catar | Adriano Fontes/Flamengo
Da redação, com informações de DOHA, Catar — O Flamengo esteve a 11 metros da eternidade e, diante do abismo, recuou. Em uma noite de gala no Catar, o Rubro-Negro empatou em 1 a 1 com o Paris Saint-Germain no tempo regulamentar, mas sucumbiu nos pênaltis após uma sucessão de erros que transformaram o sonho em pesadelo.
No momento em que o futebol deixou de ser um jogo físico e tático para dar lugar à mentalidade e, sobretudo, maturidade, o time carioca falhou. Simplesmente, esqueceu que a sua camisa era mais forte e tradicional. Assim como não pensou no gigantismo de sua torcida. Faltou orgulho, sobrou complexo de vira-latas.
Não estamos aqui para fazer coro com quem afirma que o Flamengo foi longe demais, que nosso futebol não está no mesmo nível do europeu. Discordo. Só o Brasil conta com cinco copas do mundo, Argentina três e Uruguai duas. Então, a crítica se faz necessária pois o que vamos dizer daqui a sete meses, na Copa do Mundo, caso as coisas não saiam conforme desejamos.
Estatísticas
| Categoria | PSG | Flamengo |
| Posse de Bola | 62,4% | 37,6% |
| Finalizações Totais | 18 | 11 |
| Chutes a Gol | 7 | 4 |
| Passes Certos | 703 | 371 |
| Precisão de Passe | 89,2% | 78,4% |
| Escanteios | 8 | 5 |
| Faltas Cometidas | 12 | 15 |
| Cartões Amarelos | 2 | 6 |
O Jogo: Entre a Estratégia e o Golpe
Desde o apito inicial, o Flamengo de Filipe Luís quis mostrar personalidade. Entretanto, o adversário entrou em campo com a mesma proposta. Não fosse a arbitragem, o equilíbrio poderia ter virado goleada.
O goleiro Rossi, aos 8′ do 1T, tentou evitar um escanteio de forma desastrada e, na sequência, o PSG marcou. Felizmente, para sorte dele, a bola havia saído no decorrer da jogada. O VAR anulou o gol porque a bola já havia ultrapassado a linha de fundo no toque inicial de Rossi.
Depois do susto, veio o ajuste. Com um bloco médio bem estruturado e linhas compactas, o time brasileiro neutralizou a profundidade francesa. Assim sendo, forçou o PSG a uma posse de bola estéril. No entanto, o talento individual europeu encontrou uma fenda na armadura rubro-negra. Aliás, a velha infantilidade de marcação da bola, sem olhar quem está penetrando.
38’ do 1º Tempo – Gol do PSG: Em uma transição veloz, Kvaratskhelia explorou uma dobra de marcação tardia na ala esquerda, invadiu a área e finalizou com precisão, punindo o único vacilo defensivo do Flamengo na etapa inicial.
- Aqui, ainda, houve falha grotesca de Rossi na interceptação. Dessa fez não teve var para salvá-lo. A bola passou por entre seus dedos, sobrando limpa para Kvaratskhelia apenas empurrar para as redes.
O golpe, doeu, contudo, não causou nenhuma fratura. O Flamengo voltou do intervalo com as linhas avançadas. Por mais perigoso que fosse, uma postura agressiva, sufocando a saída de bola parisiense, fazia-se necessária. Nesse sentido, a recompensa veio em alguns sofridos.
22’ do 2º Tempo – Gol do Flamengo: Após pressão constante, a arbitragem assinalou penalidade máxima. Com a frieza de quem conhece o atalho do gol, Jorginho deslocou o goleiro e empatou a partida, devolvendo a alma ao torcedor brasileiro presente em Doha.
A Prorrogação: O Silêncio dos Justos
Nos 30 minutos extras, a ambição deu lugar à cautela. O Flamengo, embora organizado, abdicou do risco. O PSG, desgastado, aceitou o veredito das penalidades. O jogo minguou em intensidade, como se ambos os lados estivessem resignados ao julgamento da marca da cal.

Flamengo desperdiça título mundial nos pênaltis e PSG fatura taça no Catar | Adriano Fontes/Flamengo
O Colapso na Marca do Pênalti
A disputa de pênaltis foi um retrato da instabilidade emocional. Mesmo com o PSG desperdiçando duas cobranças e “entregando” a vantagem, o Flamengo recusou o título por quatro vezes.
| Ordem | Batedor | Equipe | Resultado | Observação |
| 1ª | De La Cruz | FLA | ✅ | Gol. Abriu a série com segurança. |
| 2ª | Vitinha | PSG | ✅ | Gol. Empatou para os franceses. |
| 3ª | Saúl Ñíguez | FLA | ❌ | Perdeu. Defesa de Safonov. |
| 4ª | Dembélé | PSG | ❌ | Perdeu. Isolou a bola por cima. |
| 5ª | Pedro | FLA | ❌ | Perdeu. Travado pelo guarda-redes russo. |
| 6ª | Nuno Mendes | PSG | ✅ | Gol. Colocou o PSG em vantagem. |
| 7ª | Léo Pereira | FLA | ❌ | Perdeu. Terceira falha seguida do Flamengo. |
| 8ª | Barcola | PSG | ❌ | Perdeu. Rossi defendeu e deu esperança. |
| 9ª | Luiz Araújo | FLA | ❌ | Perdeu. Safonov defendeu e garantiu o título. |
O Vilão Inesperado: Safonov, o goleiro reserva do PSG, tornou-se o herói da noite. Sem precisar de intervenções milagrosas, ele apenas leu a hesitação nos olhos dos batedores rubro-negros.
As Falhas: Saúl bateu sem convicção; Pedro, geralmente infalível, parou no goleiro e buscou justificativas externas para um erro mental; Léo Pereira sucumbiu ao nervosismo; e Luiz Araújo selou o destino trágico com a última cobrança desperdiçada.
As Exceções: Apenas De la Cruz e Jorginho (no tempo normal) converteram suas chances, saindo ilesos do naufrágio coletivo.
Cobranças de pênalti de Léo Pereira jogando pelo Flamengo
| Data | Competição | Adversário | Situação | Resultado |
| 17/12/2025 | Intercontinental | PSG | Disputa de Pênaltis | ❌ Errou |
| 25/09/2025 | Libertadores | Estudiantes | Disputa de Pênaltis | ✅ Fez |
| 2023 | Taça Guanabara | Vasco | Disputa de Pênaltis | ❌ Errou |
| 20/02/2022 | Supercopa Brasil | Atlético-MG | Disputa de Pênaltis | ✅ Fez |
Cobranças de pênalti feitas por Luiz Araújo com a camisa do Flamengo
| Data | Competição | Adversário | Situação | Resultado |
| 17/12/2025 | Intercontinental | PSG | Disputa de Pênaltis | ❌ Errou |
| 25/09/2025 | Libertadores | Estudiantes | Disputa de Pênaltis | ✅ Fez |
| 16/04/2025 | Brasileirão | Juventude | Tempo Real (90′) | ❌ Errou |
| 2024 | Copa do Brasil | Amazonas | Disputa de Pênaltis | ✅ Fez |
| 2024 | Amistoso (EUA) | Orlando City | Tempo Real (90′) | ✅ Fez |
| 2023 | Brasileirão | Coritiba | Tempo Real (90′) | ✅ Fez |

Flamengo desperdiça título mundial nos pênaltis e PSG fatura taça no Catar | Adriano Fontes/Flamengo
Análise Crítica: As Digitais da Derrota
A Gestão de Filipe Luís: A escolha dos batedores será o tema central das discussões. Em uma final de Copa Intercontinental, a hierarquia deve prevalecer. Lançar jogadores sob forte pressão psicológica, preterindo nomes mais experientes, mostrou-se um erro de leitura grave. A estratégia de tirar Arrascaeta, Jorginho e Bruno Henrique deixou o time sem batedores de ofício para o momento final. A escolha por Léo Pereira antes de outros atacantes e a confiança em jogadores que entraram “frios” (como Luiz Araújo) custaram o título mundial.
- Rossi: Foi o centro das críticas pelo gol sofrido aos 37′ 1T. O cruzamento de Doué foi “aceitável”, mas o goleiro não teve firmeza (mão mole), permitindo que Kvaratskhelia marcasse. Além disso, sua indecisão aos 8′ 1T quase custou um gol precoce (anulado pelo VAR).
A Sombra de Danilo: A ausência do experiente Danilo foi sentida não apenas tecnicamente, mas como liderança vocal. Faltou ao Flamengo a “âncora” necessária para manter o sangue frio quando o PSG abriu a porta para a vitória.
O Fantasma da Hesitação: Se em 1981 a coragem de Zico e companhia não aceitava o “não”, as gerações recentes parecem travar diante do teto de vidro europeu. O Flamengo jogou como igual, mas decidiu como inferior.
O título estava disponível no Catar. O PSG errou o caminho, mas o Flamengo, generoso e hesitante, devolveu o mapa da mina. A história, como se sabe, não costuma oferecer segundas chances a quem tem medo de ser eterno.
ESCALAÇÃO
| Flamengo | PSG |
|---|---|
| 1. Rossi (G) | 39. Matvei Safonov (G) |
| 2. Varela | 33. Warren Zaïre-Emery |
| 3. Léo Ortiz | 5. Marquinhos |
| 4. Léo Pereira | 51. Willian Pacho |
| 26. Alex Sandro | 25. Nuno Mendes |
| 5. Erick Pulgar ➔ De La Cruz (15) | 17. Vitinha |
| 8. Jorginho ➔ Saúl Ñíguez (18) | 87. João Neves |
| 14. De Arrascaeta ➔ Everton Cebolinha (11) | 8. Fabián Ruiz ➔ Quentin Ndjantou (34) |
| 45. Gonzalo Plata ➔ Samuel Lino (21) | 14. Désiré Doué ➔ Ousmane Dembélé (10) |
| 10. Carrascal ➔ Pedro (9) | 19. Lee Kang-In ➔ Senny Mayulu (24) ➔ Bradley Barcola (29) |
| 27. Bruno Henrique ➔ Luiz Araújo (7) | 7. Khvicha Kvaratskhelia |
Cronologia das substituições
FLAMENGO
45’ (intervalo): Entrou Pedro (9) ➔ Saiu Carrascal (10). Motivo: opção tática
74’ (29’ do 2º tempo): Entrou Everton Cebolinha (11) ➔ Saiu De Arrascaeta (14). Motivo: desgaste físico
75’ (30’ do 2º tempo): Entrou Saúl Ñíguez (18) ➔ Saiu Jorginho (8). Motivo: opção tática
75’ (30’ do 2º tempo): Entrou De La Cruz (15) ➔ Saiu Erick Pulgar (5). Motivo: opção tática
92’ (47’ do 2º tempo): Entrou Luiz Araújo (7) ➔ Saiu Bruno Henrique (27). Motivo: cansaço
93’ (3’ do 1º tempo da prorrogação): Entrou Samuel Lino (21) ➔ Saiu Gonzalo Plata (45). Motivo: opção tática
PSG
22’ do 1º tempo: Entrou Senny Mayulu (24) ➔ Saiu Lee Kang-In (19). Motivo: lesão muscular
91’ (1’ do 1º tempo da prorrogação): Entrou Quentin Ndjantou (34) ➔ Saiu Fabián Ruiz (8). Motivo: cansaço / renovação de fôlego
105’ (intervalo da prorrogação): Entrou Bradley Barcola (29) ➔ Saiu Senny Mayulu (24). Motivo: tático (velocidade)
105’ (intervalo da prorrogação): Entrou Ousmane Dembélé (10) ➔ Saiu Désiré Doué (14). Motivo: tático (drible / pênaltis)



























