Novo coronavírus em morcegos brasileiros acende alerta científico

Novo coronavírus em morcegos brasileiros acende alerta científico | Reprodução/Pixabay
Cientistas brasileiros e estrangeiros identificaram um novo coronavírus em morcegos brasileiros com uma estrutura genética parecida à do SARS-CoV-2. O vírus, batizado de BRZ batCoV, apresenta uma proteína spike com o mesmo tipo de sítio de clivagem da furina, mecanismo associado à alta capacidade de infecção em humanos.
A descoberta ainda é preliminar. O estudo, divulgado em formato de pré-print na plataforma bioRxiv, não confirma qualquer risco imediato de transmissão para humanos. Mesmo assim, o achado reforça a necessidade de ampliar o monitoramento genético de vírus na América do Sul — uma região ainda pouco estudada quando se trata de zoonoses emergentes.
A pesquisa foi conduzida por especialistas do Japão, do Brasil e de outros países. Eles analisaram amostras de tecido intestinal de morcegos capturados em áreas rurais e florestais do Maranhão e de São Paulo. Em um exemplar da espécie Pteronotus parnellii, encontrado em Riachão (MA), os cientistas detectaram um genoma viral semelhante aos coronavírus SARS-CoV-2 e MERS-CoV.
O ponto mais relevante do estudo foi a identificação do sítio de clivagem da furina, estrutura que permite ao vírus ativar sua proteína spike e entrar com mais facilidade nas células hospedeiras. Esse mecanismo é o mesmo que contribui para a alta transmissibilidade do vírus da covid-19.
Segundo os pesquisadores, o achado amplia o entendimento sobre a evolução viral e o potencial zoonótico de novos patógenos.
“A presença desse sítio indica uma possível adaptação que pode aumentar a capacidade de infecção entre espécies”, destacaram os autores.
Eles lembram que estruturas semelhantes já foram observadas em vírus altamente patogênicos, como os da gripe aviária e do Ebola. Essas semelhanças sugerem que o processo de aquisição do sítio de clivagem pode ocorrer de forma independente em diferentes famílias virais, representando um passo importante na evolução de patógenos emergentes.
Mesmo sem evidências de infecção em humanos, o estudo reforça a importância da vigilância de vírus em animais silvestres. Morcegos, conhecidos reservatórios de diversos patógenos, continuam sendo observados por cientistas devido à sua diversidade e capacidade de abrigar novas variantes genéticas.
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