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GCM usa spray de pimenta e força para retirar artistas do Teatro de Contêiner em SP

GCM usa spray de pimenta e força para retirar artistas do Teatro de Contêiner em SP | Reprodução

Agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) retiraram à força, com uso de spray de pimenta, artistas da Cia Mungunzá e membros da ONG Tem Sentimento de um prédio anexo ao Teatro de Contêiner, na região central de São Paulo, nesta terça-feira (19).

O imóvel, usado como depósito de equipamentos e pertences, havia sido alvo de pedido de despejo pela prefeitura em maio.

Prefeitura negou pedido de prorrogação

A ofensiva ocorreu dois dias antes do prazo final de desocupação, que vence na quinta-feira (21). Horas antes da ação, a gestão municipal havia negado um pedido de prorrogação de 120 dias solicitado pelo coletivo para organizar a saída do espaço.

Em vídeos publicados nas redes sociais, agentes aparecem entrando no prédio e retirando artistas à força. Testemunhas relataram que houve uso de spray de pimenta e quebra de paredes para acesso ao imóvel. Do lado de fora, manifestantes protestaram contra a ação da guarda.

Prefeitura fala em “invasão”

Em nota, a GCM afirmou que a intervenção ocorreu porque o prédio, interditado e previsto para demolição, havia sido invadido por meio de acesso clandestino. A prefeitura informou que a área integra um projeto de revitalização da região, com construção de habitações e espaços de lazer.

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A administração municipal diz ter destinado R$ 2,5 milhões em apoio às atividades do grupo e oferecido dois espaços alternativos para a instalação do teatro, mas os artistas rejeitaram as opções por falta de condições estruturais.

Impacto na agenda cultural

Segundo os gestores do teatro, a desocupação ameaça um cronograma de mais de 60 apresentações até dezembro, além de dois festivais e atividades educativas que atenderiam cerca de 1.500 alunos de escolas públicas.

O Ministério da Cultura e a Funarte também pediram a prorrogação do prazo em ofício enviado ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas não houve resposta. Em nota conjunta, as instituições lamentaram o uso da força e pediram retomada do diálogo.

Protestos e apoio de artistas

Após a ação, artistas, apoiadores e lideranças políticas realizaram um protesto em frente ao teatro. A vereadora Luana Alves (Psol) afirmou que a reintegração pode estar ligada a um evento previsto pela prefeitura no local nesta quarta-feira (20).

O movimento contra o despejo ganhou apoio de nomes como Fernanda Montenegro, Matheus Nachtergaele, Isabel Teixeira, Alessandra Negrini e Erom Cordeiro, que criticaram a gestão municipal e destacaram a relevância do teatro para a transformação da região.

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