
Fiocruz e EMS firmam acordo para produção nacional de canetas emagrecedoras com foco no SUS | Divulgação/Fiocruz
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou, nesta quarta-feira (6), dois acordos inéditos com a farmacêutica EMS para a produção nacional das substâncias semaglutida e liraglutida, os principais ingredientes de medicamentos injetáveis para obesidade e diabetes tipo 2 — como o Ozempic e o Wegovy.
O projeto será conduzido por meio do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), na Zona Norte do Rio de Janeiro, e inclui a transferência de tecnologia completa, tanto do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) quanto da formulação final do remédio.
Caminho aberto para o SUS
O anúncio acena para uma possível distribuição dos medicamentos via Sistema Único de Saúde (SUS) no futuro. O tema ganhou destaque após o prefeito do Rio, Eduardo Paes, comemorar a iniciativa nas redes sociais:
“Agora vai”, escreveu o prefeito, que havia prometido a distribuição gratuita dessas medicações durante a campanha municipal de 2024.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também celebrou o acordo, classificando-o como “um grande avanço” para a autossuficiência tecnológica nacional.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Padilha ainda afirmou que a Anvisa abrirá um chamado público para que outras empresas que desenvolvam medicamentos similares possam solicitar registro no Brasil, fomentando a concorrência e produção local.
Produção 100% nacional e impacto na saúde pública
Durante o Fórum Saúde, evento que marcou o anúncio em Brasília, representantes da Fiocruz, EMS e governo celebraram a iniciativa como um marco para o setor farmacêutico nacional.
“Este é um marco histórico para a EMS e para a indústria farmacêutica brasileira. Desenvolver, registrar e produzir medicamentos de alta complexidade com tecnologia 100% nacional, e agora transferi-la à Fiocruz, reafirma nosso compromisso com a inovação”, declarou Carlos Sanchez, presidente da EMS.
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A vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Priscila Ferraz, destacou que a parceria fortalece o Complexo Econômico-Industrial da Saúde:
“Ao unir forças com parceiros públicos e privados, somamos excelência e inovação. Esta iniciativa contribui para a diversificação de parceiros e para a ampliação do portfólio de produção da Fiocruz”, afirmou Priscila.“A liraglutida e a semaglutida inauguram a estratégia da Fiocruz de se preparar também para a produção de medicamentos injetáveis, com a possibilidade de incorporação de uma nova forma farmacêutica. É mais uma ação para fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde”, ressaltou Silvia.
A diretora de Farmanguinhos, Silvia Santos, adiantou que a fabricação dos fármacos também marca a entrada da Fiocruz na produção de medicamentos injetáveis, estratégia considerada essencial para diversificar a oferta do SUS.
Semaglutida e liraglutida: entenda as substâncias
Ambos os compostos são análogos do hormônio GLP-1, utilizado para controlar glicose e reduzir o apetite. A principal diferença entre eles está na frequência de aplicação e potência:
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Semaglutida: ação mais prolongada, administrada uma vez por semana. Leva a uma perda de peso de 15% a 17%, segundo estudos.
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Liraglutida: exige aplicação diária, com perda de peso estimada em 10%.
Análises recentes indicam que a semaglutida pode reduzir significativamente o desejo por comida, fator que contribui para seu maior impacto no emagrecimento.
Novo horizonte para o tratamento da obesidade no Brasil
A medida pode representar um divisor de águas no combate à obesidade e ao diabetes tipo 2, duas das principais doenças crônicas no país.
A produção nacional reduz custos, evita dependência internacional e facilita a inclusão dos medicamentos na lista do SUS, ampliando o acesso da população a terapias eficazes e modernas.