
Tiroteios entre facções disparam e batem recorde no Grande Rio em 2025 | Reprodução
O número de tiroteios entre facções criminosas na Região Metropolitana do Rio cresceu 48% no primeiro semestre de 2025. Segundo relatório do Instituto Fogo Cruzado, foram 154 confrontos armados registrados até junho, contra 104 no mesmo período de 2024. É a maior marca da série histórica da organização.
A maior parte dos tiroteios ocorreu em áreas dominadas por facções rivais que disputam o controle do tráfico. Quatro comunidades concentraram 57% das ocorrências de disputas territoriais com troca de tiros: Morro dos Macacos, Fubá, Juramento e Catiri.
Principais focos dos confrontos
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Morro dos Macacos (Vila Isabel): 57 tiroteios – 24 em disputas entre grupos armados
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Complexo do Fubá (Cascadura/Campinho): 54 tiroteios – 22 por disputas territoriais
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Morro do Juramento (Vicente de Carvalho): 54 tiroteios – 34 entre facções
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Favela do Catiri (Bangu): 16 tiroteios – 8 em confrontos diretos
Essas regiões enfrentam uma rotina de violência provocada por conflitos entre o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP). Em Bangu, há também disputas entre traficantes e grupos paramilitares.
Histórico de tiroteios semestrais por disputas de território:
Ano | Tiroteios | Baleados |
---|---|---|
2017 | 40 | 38 |
2018 | 42 | 33 |
2019 | 48 | 30 |
2020 | 13 | 14 |
2021 | 63 | 43 |
2022 | 56 | 49 |
2023 | 98 | 85 |
2024 | 104 | 82 |
2025 | 154 | 72 |
Morros viram zona de guerra
No Morro dos Macacos, a tensão aumentou com a disputa aberta entre CV e TCP. Em julho, após forte confronto, Pedro Paulo Lucas Adriano do Nascimento, o “Titauro”, chefe do CV, foi morto em uma operação policial.
No Morro do Fubá, os tiroteios voltaram a se intensificar após a execução de Kaio da Silva Honorato, o “Kaioba”, ex-integrante do tráfico no Morro do Dezoito. Ele foi morto a tiros em junho por rivais do TCP.
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Já no Catiri, em Bangu, a disputa entre traficantes e milicianos tem gerado pânico entre os moradores. No dia 5 de julho, quatro suspeitos foram presos durante uma ação da Polícia Militar na região.
Número de baleados também cresce
O relatório mostra ainda que 816 pessoas foram baleadas entre janeiro e junho deste ano. Desse total, 406 morreram e 410 ficaram feridas.
Comparado ao mesmo período de 2024, houve aumento de:
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6% no número de mortos
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14% no total de atingidos por disparos
Locais mais comuns de vítimas baleadas:
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56 pessoas dentro de carros
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44 em bares
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40 dentro de casa
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Outras vítimas estavam em eventos (12), transportes públicos (5), barbearias (4) e escolas (3)
O que dizem as autoridades
A Polícia Militar afirmou que a redução da letalidade é prioridade. Em nota, declarou:
“A opção pelo confronto é sempre uma iniciativa dos criminosos, que realizam ataques armados inconsequentes diante do cumprimento das missões institucionais dos entes de segurança do Estado”, diz o texto.“Quando as ocorrências resultam em lesão corporal ou morte, são instaurados inquéritos no âmbito da Polícia Militar e da Polícia Civil, com acompanhamento do Ministério Público estadual”, acrescentou a corporação.
A Polícia Civil destacou que investiga o avanço das facções nas comunidades e realiza ações contínuas:
“Agentes monitoram as atividades ilegais praticadas e realizam diligências continuamente para identificar e responsabilizar criminalmente todos os envolvidos”, esclarece o comunicado.