
Indígenas ganham destaque na Fenearte 2025 | Rodrigo Gonçalves
A participação de indígenas ganha destaque na Fenearte, que chega ao fim neste domingo (20), no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. É a última chance para o público visitar os 700 estandes, curtir shows, oficinas e ver de perto a diversidade cultural reunida no evento.
Com o tema “A Feira das Feiras”, a 25ª edição celebra o espírito das feiras livres do Norte e Nordeste. Entre os expositores estão representantes de países como Turquia, Japão, África do Sul e Rússia. No entanto, o brilho ficou por conta das diversas etnias indígenas brasileiras que ocuparam o pavilhão com arte, tradição e resistência.
As etnias pernambucanas — como Funil-ô, Atikum, Xukuru, Pankará, Kapinawá, Kambiwá, Truká e Pankararu — se concentram na Rua 18. Mas há também representantes de outras regiões, como Dilma Terena, do Mato Grosso do Sul, que vendeu todas as suas 50 peças em argila antes mesmo da reta final.
“Eu não achava que ia vender tudo tão rápido assim. É a primeira vez que saio do meu estado, que viajo de avião e que participo de uma feira desse tamanho. Estou muito feliz e espero voltar no próximo ano”, disse Dilma.
Luiz Carlos Frederico, da etnia Funil-ô, comercializa o “fineho”, apito artesanal que imita sons de pássaros. Ele explica a importância simbólica do objeto:
“Isso é muito simbólico para a gente, pois os pássaros têm uma representatividade muito importante na nossa cultura. São eles, por exemplo, que sinalizam quais frutos podemos comer na natureza. E apitar durante a Fenearte é uma forma de nos comunicarmos com eles, pedindo paz e harmonia para o evento”, disse Luiz.
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Já Maria da Saúde Batalha, Pankararu de Petrolândia (PE), vende bijuterias e enxovais em algodão cru. Para ela, o retorno financeiro é importante, mas o maior valor está na representatividade:
“Ainda não coloquei na ponta do lápis, mas a renda sempre é muito boa. Mais do que vender, o que mais me dá prazer é estar aqui representando meu povo. Quando apareço na internet ou nas filmagens da imprensa, minha família da aldeia me liga feliz, comemorando que saímos em algum lugar. A minha maior felicidade é poder trazer o nome e a tradição do meu povo para o Recife e para outras regiões”, disse Maria.
Em 2023, a Fenearte movimentou R$ 108 milhões e atraiu 320 mil visitantes. Os números desta edição serão divulgados pela Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) ao fim do evento.