Lula critica gastos com guerra e cobra ação por desenvolvimento na Cúpula do Brics | Ricardo Stuckert/Presidência da República
Durante a abertura da 17ª Cúpula dos Brics, neste domingo (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas aos gastos com armamentos e à falta de recursos para o desenvolvimento global. O evento aconteceu no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, com a presença dos líderes do Sul Global.
No discurso da sessão “Paz e Segurança e Reforma da Governança Global”, Lula alertou sobre o cenário de instabilidade mundial. Ele condenou a recente decisão da OTAN, que aumentou os investimentos em defesa, e comparou com a inércia para cumprir metas sociais da Agenda 2030 da ONU.
“Nos defrontamos com um número inédito de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. A recente decisão da Otan alimenta a corrida armamentista. É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares, do que alocar os 0,7% prometidos para a assistência oficial do desenvolvimento. Isso evidência que os recursos para implementar a Agenda 2030 (da ONU) existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política. É sempre mais fácil investir na guerra do que na paz”, declarou o presidente.
Lula citou que o mundo vive o maior número de conflitos desde a Segunda Guerra. Segundo ele, o temor de uma catástrofe nuclear voltou a rondar o cotidiano. Também criticou o fato de o Conselho de Segurança da ONU não ser mais consultado antes de ações bélicas.
Gaza, Ucrânia e Palestina
Lula condenou os atos do Hamas, mas também destacou as mortes de civis atribuídas a Israel em Gaza e o uso da fome como arma de guerra. Defendeu o fim da ocupação israelense e a criação de um Estado palestino soberano, com base nas fronteiras de 1967.
“A solução desse conflito só será possível com o fim da ocupação israelense e com o estabelecimento de um Estado palestino soberano, dentro das fronteiras de 1967. O governo brasileiro denunciou as violações à integridade territorial do Irã, como já havia feito no caso da Ucrânia. É urgente que as partes envolvidas na guerra na Ucrânia aprofundem o diálogo direto com vistas a um cessar-fogo e uma paz duradoura”.
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O presidente também reforçou a necessidade de atualizar a governança internacional, com inclusão de membros permanentes no Conselho de Segurança da Ásia, África, América Latina e Caribe.
“Cada dia com uma estrutura internacional arcaica é um dia perdido para enfrentar as crises que assolam a humanidade”, afirmou Lula.
Brics e multilateralismo
O encontro reúne os chefes de Estado dos 11 países que compõem o novo Brics ampliado. Após a sessão de abertura, as lideranças participaram de um almoço e, ainda neste domingo, discutem multilateralismo, finanças e inteligência artificial.
Na segunda (7), a programação inclui debates sobre meio ambiente, COP30 e saúde global.
