
Atacante Igor Jesus abre o marcador aos 24 minutos: Botafogo vence PSG no primeiro tempo, cala a Europa e revive a alma da Seleção Brasileira | Vitor Silva/Botafogo
Enquanto o mundo assiste ao duelo entre o campeão europeu e o campeão da América, uma narrativa muito maior se desenha no intervalo de PSG 0 x 1 Botafogo. O placar momentâneo, construído com um gol de Igor Jesus aos 34 minutos, representa mais do que uma surpresa: é uma resposta histórica à arrogância silenciosa do endeusamento do futebol europeu.
Por que — apesar de o Brasil ser o único país com cinco Copas do Mundo — parte da crônica esportiva nacional passou a vender o discurso de que o futebol europeu é “superior”?
Nenhum continente tem mais títulos mundiais do que o nosso. Nenhuma camisa forneceu mais craques à Seleção do que a do Botafogo. Garrincha, Didi, Nilton Santos, Jairzinho, Zagallo: pilares das conquistas de 1958, 1962 e 1970 vestiram preto e branco em General Severiano. Antes de Barcelona ou Real Madrid pensarem em comprar nossos talentos, foi o Botafogo quem os revelou.
De onde vem, então, essa aura de superioridade europeia, senão do capital estrangeiro? Eles compram, mas nós formamos. Enquanto eles importam, nós exportamos. Eles acumulam posses de bola e estatísticas — e mesmo assim perdem jogos.
Números do primeiro tempo
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Finalizações: 5 (PSG) x 2 (BOT)
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Posse de bola: 63% (PSG) x 37% (BOT)
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Escanteios: 7 (PSG) x 0 (BOT)
- Faltas Cometidas 7 (PSG) x 6 (BOT)
- Precisão dos passes: 89% (PSG) x 82% (BOT)
- Desarmes: 5 (PSG) x 7 (BOT)
Mas o que decidiram os 45 minutos iniciais foi a eficiência brasileira, a tática brasileira, o espírito brasileiro.
Com uma linha de cinco e aplicação coletiva digna de Copa do Mundo, o Glorioso sufocou o poderoso PSG. A França tentou repetir à exaustão uma jogada: bola em Kvaratskhelia. Mas o Botafogo conhecia o roteiro. John mal trabalhou. A cada tentativa parisiense, a muralha preta e branca ganhava força.
Aos 34 minutos, o contra-ataque foi letal. Savarino em Marlon, Marlon em Igor Jesus, que dribla Pacho, chuta cruzado, vê a bola desviar no equatoriano e morrer no fundo da rede. Um roteiro simbólico. E quase místico.
Trinta e quatro minutos: 3+4 = 7.
Igor Jesus veste a 99: 9+9+3+4 = 25 → 2+5 = 7.
O número do Botafogo, de Garrincha. Em suma, o número da perfeição simbólica alvinegra.
Enquanto isso, a Europa assiste atônita. O império do dinheiro não compra o que o Brasil tem de sobra: identidade, raiz, talento popular e alma coletiva.
Hoje, o Botafogo não enfrenta apenas o PSG, mas também um discurso. Pelo menos, por enquanto, está vencendo.