O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou uma visita de quatro dias ao Japão nesta segunda-feira (24). Acompanhado por uma delegação de quase 100 empresários, o líder brasileiro busca diversificar as relações comerciais em um cenário global influenciado pelas novas tarifas dos Estados Unidos.
Objetivos da Visita: Comércio e Biocombustíveis
Durante sua estadia, Lula se reunirá com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, para discutir temas estratégicos. Entre os tópicos principais está o desenvolvimento conjunto de biocombustíveis, antes da COP30, que ocorrerá em novembro, na cidade de Belém.
A parceria entre os dois países também incluirá questões relacionadas ao livre comércio, especialmente após a imposição de novas tarifas pelos EUA sobre alumínio, aço e outros produtos.
Reforço no Livre Comércio e Críticas ao Protecionismo
Na véspera de sua visita, Lula fez duras críticas ao protecionismo econômico dos Estados Unidos.
“Todos aqueles que falavam sobre livre comércio estão praticando protecionismo”, disse o presidente brasileiro.
A frase foi uma referência direta às novas tarifas impostas por Donald Trump. Lula ainda destacou a absurda posição protecionista adotada por alguns países, reforçando sua defesa pelo livre comércio global.
Brasil e Japão: Relações Comerciais e Segurança Internacional
O Brasil, segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, tem um papel significativo no comércio internacional. Em 2024, o país comercializou quatro milhões de toneladas de aço, mantendo-se atrás apenas do Canadá.
Durante a visita, Lula e Ishiba devem discutir não só o comércio bilateral, mas também questões de segurança e a importância de uma ordem internacional baseada em regras.
Cerimônia no Palácio Imperial e Fórum Econômico
Na terça-feira (25), Lula será recebido em uma cerimônia no Palácio Imperial de Tóquio, seguida de um banquete. Esta é a terceira visita de Lula ao Japão como presidente.
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Em sua agenda, está a participação no fórum econômico, onde o presidente busca expandir as exportações brasileiras, especialmente nas áreas de carne e aviões fabricados pela Embraer.
O Japão, que ocupa a 11ª posição no ranking dos parceiros comerciais do Brasil, tem grande interesse em aumentar suas importações desses produtos.
Desafios do Brasil na Diversificação de Comércio Exterior
Embora o Brasil tenha diversificado sua economia nos últimos anos, a China continua sendo seu maior parceiro comercial, com um comércio bilateral de mais de 160 bilhões de dólares em 2023. A crescente dependência do Brasil da China coloca o país em uma posição vulnerável a mudanças no cenário internacional.
Especialistas como Karina Calandrin, professora do Ibmec, afirmam que a diversificação comercial será um desafio devido à “dependência estrutural” do Brasil com o gigante asiático. Além disso, Roberto Goulart, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, acredita que um equilíbrio comercial mais favorável ao Brasil é improvável no curto prazo.
Potencial Parceria Estratégica com o Japão
Com a intensificação das relações comerciais com a China e a Rússia, Tóquio vê uma aproximação com Brasília como uma estratégia para evitar que o Brasil se alie ainda mais aos países do BRICS.
O Japão poderia se beneficiar de uma parceria mais próxima com o Brasil, especialmente em setores como tecnologia e biocombustíveis.
Histórico de Relações e Pedidos de Perdão ao Japão
O Brasil, que abriga uma das maiores comunidades de japoneses fora do Japão, tem um histórico de relações estreitas com o país asiático. Em 2023, o governo brasileiro pediu desculpas pelas perseguições sofridas pelos imigrantes japoneses durante e após a Segunda Guerra Mundial.
Milhares de japoneses foram expulsos de suas terras em 1943, e cerca de 150 imigrantes e seus filhos foram encarcerados em uma ilha remota.
“Pedir perdão é o mínimo que podemos fazer para reconhecer nossos erros do passado”, afirmou Lula à imprensa japonesa antes de sua visita.