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Viradouro está pronta para tacar fogo no Brasil em plena Sapucaí neste domingo de carnaval – Vídeo

Atual campeã do carnaval, a Unidos do Viradouro desfila na noite deste domingo em busca do seu quarto título do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro pronta para incendiar a Marquês de Sapucaí e tacar fogo no Brasil. Para isso, levará para a avenida o enredo “Malunguinho, o Mensageiro de Três Mundos”. A agremiação vermelha e branca de Niterói será a terceira desfilar e deverá dar início à sua apresentação na Passarela do Samba por volta de 1h da madrugada.  A escola levará cerca de 2.800 desfilantes para a avenida, divididos em 21 alas.

“A emoção e a ansiedade tomam conta dos nossos corações, mas a vontade de entrar na Avenida e mostrar toda a potência da nossa escola é ainda maior! Hoje é dia de entregar um trabalho fruto de meses de dedicação, feito por centenas de artistas talentosos e por uma comunidade extremamente apaixonada!”, diz a diretoria da escola.

 

A Unidos do Viradouro, em seu desfile de 2025, apresentará o enredo “Malunguinho, o Mensageiro de Três Mundos”. Nesse sentido,  explora a figura de Malunguinho, líder quilombola com trânsito entre os mundos da Mata, da Jurema e da Encruzilhada.

Viradouro está pronta para tacar fogo no Brasil em plena Sapucaí

Viradouro está pronta para tacar fogo no Brasil em plena Sapucaí

O desfile buscará representar esses mundos de forma interligada, com alegorias e performances que simbolizam a passagem entre eles. Primordialmente, usará  com elementos visuais que traduzem a materialidade e os segredos do universo espiritual da Jurema. Malunguinho ainda será apresentado como um mensageiro que luta pela saúde, liberdade e justiça, trazendo a força dos insubordinados e buscando a reparação de seu legado.

“Que a gente possa fazer um desfile inesquecível e histórico, colocando Malunguinho no panteão dos grandes heróis deste país e, mais uma vez, cumprir o papel que nos cabe: ser escola de samba”, diz a Viradouro.

Emoção de quem samba com amor

A musa Thays Busson, que desfilará representando a “Encantada das Águas”, celebra a chegada do dia do desfile, juntamente com um misto de emoções.

Thays Busson

Thays Busson, Musa da Viradouro, completa 10 anos desfilando pela escola do coração | Reprodução/Instagram

Acreditando no potencial da agremiação para a conquista do título, a sambista, que completa 10 anos desfilando na Sapucaí pela Viradouro, sente-se honrada em ter se formado artista de dança. Sobretudo, de ter criado um lindo legado com a Viradouro.

“Passa um filme na minha cabeça, de tudo que passei para chegar até aqui. Enfrentei medos, anseios, pessoas que desacreditaram do meu potencial; aqueles que seguraram minha mão, guiaram os meus caminhos e acreditaram em mim. Esse é o verdadeiro sentido de escola de samba, poder aprender tanto e criar lindos laços de vida”, pondera.

No desfile, Thays surgirá do fundo dos rios do Catucá para proteger Malunguinho.

Competência técnica

Desde que retornou ao Grupo Especial, no Carnaval de 2019, a Viradouro vem buscando trabalhar com excelência e profissionalismo. Principalmente, em quesitos estratégicos, em que os 40 pontos dependem menos do contingente da comunidade, mas muito mais do trabalho de alguns profissionais do carnaval.

Viradouro está pronta para tacar fogo no Brasil em plena Sapucaí

Viradouro está pronta para tacar fogo no Brasil em plena Sapucaí

Especificamente, ocupam essas funções de extrema responsabilidade profissionais do quilate do intérprete Wander Pires, assim como o veterano Ciça, Mestre de Bateria.

De igual forma, o casal nota 10 de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Julinho e Rute Alves, tal qual o carnavalesco Tarcísio Zanon. Mais recentemente, chegaram os coreógrafos Priscila Mota e Rodrigo Neri. Nesse sentido, vale dizer que a Viradouro não poupa esforços nem dinheiro quando o assunto consiste em buscar o melhor.

Segredo

Neste carnaval de 2025, a Viradouro promete um desfile arrebatador desde a comissão de frente. Conforme já citamos, a dupla Priscila Mota e Rodrigo Neri e seu corpo artístico defendem preciosos pontos para o quesito.

Comissão de Frente da Viradouro em 2024 conquistou prêmio “Estandarte de Ouro” | Marco Terranova/Riotur

Desde 2010, quando ainda estavam na Unidos da Tijuca, eles têm revolucionado o quesito, quando realizaram um truque em que os componentes trocavam de roupa em plena avenida. Como resultado, conquistaram naquele ano o prêmio “Estandarte de Ouro”, o Oscar do Samba. Tornaram a vencer a premiação pela Mangueira, em 2022, assim como na própria Viradouro, em 2024.

“Nossa comissão de frente é sempre um espetáculo à parte! Nos ensaios, eles já mostraram a verdadeira potência que são. Imaginem o que prepararam para o desfile”, fala, em tom de suspense a Viradouro.

Priscila Mota e Rodrigo Neri | Reprodução Instagram

Porém, pelo que o FOLHA DO LESTE apurou, a Comissão de Frente da Viradouro vai representar a saudação “Sobô Nirê Mafá” feita a Malunguinho. Essa invocação se manifesta como um chamado para João Batista, derradeiro líder do Catucá, revelar a força da ancestralidade mística que o acompanha. O quesito terá um elemento alegórico representando as “Veredas de Malunguinho”.

Casal 10, Nota 10

Julinho Nascimento e Rute Alves | Alex Ferro/Riotur

O Mestre-Sala Julinho Nascimento, e Porta-Bandeira Rute Alves, representam o Terreiro Viradouro. A agremiação tem seu alicerce firmado no orixá Xangô, o senhor do fogo e da justiça.

A dança deles abre seu espaço sagrado para homenagear João Batista, o último Malunguinho, sincretizado com esse orixá. A energia justiceira de Xangô se manifesta na força e elegância do casal de mestre-sala e porta-bandeira, que combinam a tradição da dança com elementos da cultura popular e afro-religiosa, sempre reverenciando o pavilhão da escola.

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O samba correndo na veia, incendeia… o furacão que vai passar

Com o chão riscado e o pavilhão desfraldado, a Viradouro dará início à narrativa da saga de Malunguinho, o Mensageiro de Três Mundos.

Logo  após a Comissão de Frente, a Viradouro marca a chegada da Falange dos Malungos na Avenida, momento de grande significado espiritual e cultural. Essa representação evoca a presença dos espíritos ancestrais, daqueles que já partiram, mas que continuam a zelar e a influenciar o mundo dos vivos. Em seguida, a chama da insubmissão arde nos canaviais, reverberando as táticas de guerrilha herdadas dos ancestrais do Congo e Angola.

Malunguinho, com sua postura desafiadora e espírito de revolta, personifica o fogo justiceiro que se alastrou pelos campos de cana, transformando a paisagem do Nordeste e desafiando a opressão.

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A vegetação, outrora símbolo da exploração, torna-se palco para a chegada de Malunguinho e sua falange ancestral, que ateiam fogo nas estruturas da província. A abertura do desfile, com figurinos em tons incandescentes, evoca a chama da justiça que se espalhou pelas plantações, um símbolo da luta e da resistência contra a tirania.

Bateria

A bateria do Mestre Ciça – que está indo para o seu 37º carnaval – leva para a avenida 282 ritmistas. Entretanto, alguns desses percursionistas poderão estar tocando mais que um instrumento em momentos diferentes do samba. Ciça dividirá a função com 11 Diretores de Bateria. Tratam-se de Marquinho, Romildo, Mauro, Monique, Marquinho Passos, Pierre, Juan, Guilherme, Ana Beatriz, Leandro e Mateus Pestana.

Uma das novidades da bateria para esse carnaval se trata da participação de alfaias, instrumento típico do maracatu pernambucano. Eles têm sonoridade orgânica e plenamente encaixada no contexto melódico do samba.

Ciça desfilará fantasiado de líder dos caboclos, abrindo caminhos e fazendo a conexão dos humanos com as forças da natureza. Estrategista nas batalhas espirituais, ele comanda os tambores sagrados nos ritos de preparação para as lutas no Catucá.

 

“Com foco no apuro rítmico, a Furacão Vermelho e Branco desfila com vibração, sem abrir mão de proporcionar total conforto ao canto coletivo e à dança do corpo brincante da escola, adequando-se ao ritmo e ao sentimento aguerrido e valente do personagem principal do enredo, Malunguinho”, justifica a Viradouro.

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À frente da bateria estará a Rainha Érika Januza. A atriz estará fantasiada como grande ave do Catucá, à espreita para ajudar Malunguinho na defesa dos refugiados da Mata.

Atriz Érika Januza, rainha de bateria da Viradouro

Rainha Érika Januza vai proteger Malunguinho na Sapucaí | Reprodução

Além disso, a Furacão Vermelho e Branco leva para a avenida 39 surdos, divididos em 12 marcações de primeira, 12 de segunda e 15 de terceira. Para dar aquele balanço gostoso no ritmo, 24 cuícas estarão soluçando, enquanto 24 chocalhos agitam o ritmo. Considerando, ainda, essência negra do enredo, sobretudo seu envolvimento com o culto a Exu, a bateria contará com seis atabaques. Por fim, 40 tamborins dois agogôs, 28 repiniques, e 118 caixas de guerra completam o coração da Viradouro.

A hora é essa!

O samba-enredo da Viradouro para 2025, tem como autores Paulo César Feital, Inácio Rios, Marcio André Filho, Igor Federal, Vaguinho, Vitor Lajas e Chanel, que fizeram a composição apenas em tonalidade menor. Entretanto, a escola defende que essa tônica melódica evoca uma atmosfera de força, ancestralidade, misticidade, seriedade e poder. Para a vermelho e branco, elementos cruciais para representar Malunguinho, figura libertária dos oprimidos.

Wander Pires

Intérprete da Viradouro Wander Pires | Reprodução

A melancolia da melodia, que remete às dificuldades enfrentadas pelos povos afro-indígenas no Brasil, combinada com a batida rítmica pulsante do samba-enredo, cria uma sensação de convocação para a luta, transformando a dor em resistência.

“O samba possui passagens que valorizam a performance dos desfilantes, com trechos que permitem a explosão de energia e momentos de respiro melódico, criando uma dinâmica perfeita para o desfile”, defende a agremiação.

Alegorias

O carro abre-alas da Viradouro apresenta João Batista, o Malunguinho, como a semente da revolta, germinada no solo de Congo e Angola e transplantada para Pernambuco. A alegoria abre um portal para a jornada do líder quilombola, com espíritos ancestrais e clãs indígenas a protegê-lo.

Em seguida, o segundo carro, “Evoco, Desperto, Nação Coroada”, retrata a coroação de Malunguinho, agora rei do Catucá, em uma mata que se revela refúgio místico e estratégico.

O terceiro carro, “Caboclo da Mata do Catucá”, expõe a faceta de Malunguinho como detentor de sabedoria ancestral, um curador que domina os segredos da natureza, com a alegoria iluminando o lado oculto da floresta, um palco de transcendência.

Já a quarta alegoria, “Trago a Força da Jurema”, mergulha no universo espiritual, com a Jurema, planta sagrada, servindo de portal para o autoconhecimento e a conexão com o divino.

Escolas do Leste Fluminense passam a contar com os principais carnavalescos dos últimos anos

Tarcisio Zanon, carnavalesco da Viradouro, conquistou títulos, dois vice-campeonatos e um terceiro lugar em cinco desfiles, quer garantir conquista neste domingo | Reprodução/Instagram

O quinto carro, “Nas Veredas da Encruza”, revela Malunguinho como Exu Trunqueiro, guardião dos caminhos, com elementos do culto a Exu e a representação das encruzilhadas, simbolizando a capacidade de Malunguinho de transitar entre os mundos.

O sexto carro, “Mensageiro Bravio: Fé e Reparação”, consolida a figura de Malunguinho como entidade divina, senhor das encruzilhadas, que restaura a justiça e a saúde, com três galos pretos simbolizando suas três manifestações.

O desfile culmina no tripé final, “O Rei da Mata que Mata Quem Mata o Brasil”, que eleva Malunguinho ao panteão dos heróis brasileiros, um monumento de resistência contra o apagamento histórico, com símbolos do colonialismo corroídos pelo tempo.

A mensagem final, “Sobô Nirê Mafá!”, ecoa como um grito de guerra, celebrando a vitória de Malunguinho e a libertação do povo oprimido.

 

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