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Porto da Pedra dá aula de história na Sapucaí e briga pelo título da Série Ouro

Porto da Pedra briga pelo título da Série Ouro

Porto da Pedra leva história inédita da Amazônia para a Sapucaí e é uma das favoritas ao título de campeã da Série Ouro no Carnaval 2025 | Divulgação/Riotur/Marcelo Martins

A Unidos do Porto da Pedra chegou com seu tigre rugindo com força para contar a história da Fordlândia na Amazônia e, após um desfile impecável em todos os quesitos, entrou na briga direta pelo título da Série Ouro. Quinta escola a desfilar, a vermelho e branco paixão e orgulho de São Gonçalo apresentou uma história inédita que, apesar de se referir aos anos de 1927, está plenamente inserido na agenda mundial. A agremiação venceu o prêmio “Estandarte de Ouro”, do jornal O Globo.

Com o enredo intitulado “A História Que a Borracha do Tempo Não Apagou”,  o carnavalesco Mauro Quintaes e a Porto da Pedra mostraram porque a Floresta Amazônica não está disponível para projetos de colonizadores imperialistas estrangeiros. Afinal, o bioma se levanta contra a invasão dos seus territórios sagrados.

 

Isso aconteceu, de fato, com o empresário americano Henry Ford, que  projetou uma cidade operária na Amazônia visando produzir borracha. Não pense que o nome e a indústria automotiva tenham mera semelhança. Ao contrário, trata-se mesmo do empresário e engenheiro da indústria automobilística. Assim como se vê nos tempos atuais, o empreendimento  de Ford dependia da exploração da natureza, especificamente das seringueiras.

Porto da Pedra briga pelo título da Série Ouro

Do sonho de explorar a floresta aos pesadelos enfrentados pela ganância | Divulgação/Riotur/Marcelo Martins

Contudo, o projeto enfrentou obstáculos intransponíveis, como a escola mostrou. Por exemplo, a logística complexa e os conflitos com os trabalhadores locais frustraram o projeto, e a própria floresta amazônica. Diante disso, o projeto fracassou e teve seu fim decretado em 1947.

 

Comissão de Frente

Nesse sentido, logo na abertura da escola, na Comissão de Frente, o curandeiro maior dos povos originários enfrentou o mal representado pela ganância e cobiça. O Pajé Munduruku, após dançar com os Espíritos do Fogo, encheu-se de poder. Assim, se preparou para lutar contra a fera metalizada, por ele chamada de Pariwat – em tradução livre, os não indígenas.

Porto da Pedra briga pelo título da Série Ouro

Comissão de Frente da Porto da Pedra mostra o Pajé se fortalecendo com os espíritos de fogo para lutar contra o mal invasor | Divulgação/Riotur/Marcelo Martins

A performance dos componentes liderados pelo coreógrafo Júnior Scapin teatralizou com excelência esse embate que, ao final do desfile, a floresta vence.

Porto da Pedra briga pelo título da Série Ouro

Brasil, terra indígena | Divulgação/Riotur/Marcelo Martins

Pavilhão Vermelho e Branco

Porto da Pedra briga pelo título da Série Ouro

Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Porto da Pedra, na briga pelo título da Série Ouro no Carnaval 2025 | Divulgação/Riotur/Marcelo Martins

A jovem Pietra Brum, de apenas 16 anos, em sua estreia como porta-bandeira, brilhou na avenida. Mais parecia uma veterana ao passo que empunhou a bandeira com altivez e elegância. Pietra conduziu o sagrado pavilhão vermelho e branco com gestos leves e graciosos e passos sincronizados com o cortejo perfeito do mestre-sala Rodrigo França.

Porto da Pedra briga pelo título da Série Ouro

A elegância e gracejo da jovem Porta-Bandeira Pietra Brum, cortejada pelo experiente  Mestre-Sala Rodrigo França | Divulgação/Riotur/Alexandre Loureiro

A indumentária do casal representava os “Espíritos da Mundurukânia”, exaltando a rica cultura do povo Munduruku, que dominou o Vale do Tapajós.

Garra e lutas

Enquanto as baianas representavam as mães espirituais, a musa Giovana Cordeiro veio à frente do primeiro carro alegórico fantasiada de metal-capital. Ela sofreu um corte no joelho mas, mesmo assim, desfilou com garra e se superou.

A primeira alegoria da Porto da Pedra mostrou a realidade sombria, opressiva e indesejável encontrada pelo explorador Henry Ford na Amazônia. Tudo ao contrário do lucro que ele desejava fabricar explorando a floresta.

Abre-alas Porto da Pedra Carnaval 2025 - Riotur - Divulgação - Ronaldo Nina

Ronaldo Nina

Mas a falsa promessa que gerou revolta na floresta estava representada em alas que traziam fantasias de rapinas, trabalhadores humildes, sabiás, fenômenos luminosos de matéria orgânica, a doença do Mal-das-Folhas. Enfim, tudo o que desafiou o empresário americano e transformou em prejuízo sua sanha por lucro.

Por fim, a grande retomada acontece com a vitória da floresta, com a Porto da Pedra prestando um grande tributo aos povos indígenas do Tapajós. A última alegoria foi feita com mais de quatro toneladas de objetos de ferro velho, com muita criatividade.

Toca, Ritmo Feroz

Porto da Pedra briga pelo título da Série Ouro

Bateria Ritmo Feroz | Divulgação/Riotur/Alexandre Martins

A Bateria do Mestre Pablo, que desfilou fantasiado de curupira, deu um show à parte, digna de nota 10. Andamento no mesmo compasso do início ao fim do desfile, tal qual realizou convenções perfeitas, bossas criativas e perfeito entrosamento com o samba.

Experiente Wantuir Oliveira conduziu com perfeição a Porto da Pedra | Divulgação/Riotur/Alexandre Loureiro

Outro show ficou por conta do intérprete Wantuir, que deu uma aula de interpretação, desempenho e sustentação do canto na avenida.

Componentes da Porto da Pedra cantaram com garra o samba-enredo | Divulgação/Riotur/Marcelo Martins

O trabalho de evolução e harmonia da agremiação funcionou de forma perfeita. O chão forte de São Gonçalo deve garantir notas 10 em ambos quesitos, pois não faltou disposição nos componentes para cantar e sambar na avenida.

Porto da Pedra evolui compacta na Marquês de Sapucaí | Divulgação/Riotur/Ronaldo Nina

A Unidos do Porto da Pedra, com um desfile que irradiava energia e paixão, consolidou sua posição como forte candidata ao título da Série Ouro e ao tão almejado retorno ao Grupo Especial. A agremiação de São Gonçalo apresentou um conjunto harmonioso e impactante. Todos os elementos da grandiosa apresentação se encaixaram com precisão, revelando um trabalho meticuloso e grandioso de Mauro Quintaes.

Enfim, o desfile impecável da escola revela o testemunho da dedicação de sua comunidade e do talento de seus artistas, num espetáculo memorável.

 

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