
Carnaval 2025: Arranco celebra a força das mães em desfile pela permanência na Sapucaí | Divulgação/Liga-RJ/S1 Fotografia e Comunicação
Segunda escola de samba a desfilar na Marquês de Sapucaí nesta sexta-feira (28), a Arranco do Engenho de Dentro apresentou o enredo “Mães que alimentam o sagrado”. Sob a batuta da carnavalesca Annik Salmon, a escola apresentou um desfile que celebrou a força, a fé e a resistência das mulheres.

Carnaval 2025: Arranco celebra a força das mães em desfile pela permanência na Sapucaí | Divulgação/Liga-RJ/S1 Fotografia e Comunicação
Única mulher atualmente à frente de uma agremiação desfilante no Sambódromo, Annik começa sua história com as mães ancestrais iorubás. O enredo viaja pelo tempo até as mulheres do cotidiano moderno. Para isso, fez uso de uma narrativa rica em simbolismo e uma proposta visual de fácil leitura. Em resumo, a Arranco entregou um desfile que cumpriu a transmissão de sua mensagem, apesar de alguns percalços.
Acertos e Adversidades
O desfile da Arranco teve uma proposta visual coesa e bem executada. Sobretudo, pelas alegorias e adereços, que comunicaram com clareza o enredo proposto. Já as fantasias, apesar da leitura intuitiva, estavam simples demais.
No entanto, o samba-enredo, de qualidade mediana, enfrentou dificuldades na interpretação. A dupla Pamela Falcão e Thiago Acácio, embora talentosa, mostrou problemas no ajuste de tonalidade musical, o que deixou o samba “arrastado” em alguns momentos.

Carnaval 2025: Arranco celebra a força das mães em desfile pela permanência na Sapucaí | Divulgação/Liga-RJ/S1 Fotografia e Comunicação
A bateria, comandada por Mestre Gilmar Cunha, sofreu para levar o samba. Em algumas bossas, houve a incorporação de atabaques, instrumentos essenciais para um enredo que mergulha nas raízes africanas. Mas a nota 10 pode não vir.
Harmonia e evolução
A harmonia da escola funcionou de forma irregular, assim como sua evolução, muito por conta do samba.
Enredo: uma ode às mães e à fé
O enredo “Mães que alimentam o sagrado” partiu da ancestralidade africana para celebrar a força e a resistência das mulheres, tanto nas tradições religiosas quanto no cotidiano.
A comissão de frente, coreografada por Lipe Rodrigues e Márcio Dellawegah, foi um dos pontos altos do desfile. Os integrantes representavam as “Donas do Mercado” e homenageando divindades como Oxum, Nossa Senhora Aparecida, Cabocla Jurema e a Mãe Terra. A abertura da escola exaltou as mães ancestrais, assim como a luta das mulheres por um mundo mais justo e sustentável.
Já o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Falcão e Laryssa Victória, mostrou-se um tanto nervoso e desentrosado, com movimentos marcados que faltaram espontaneidade. Apesar disso, a beleza das fantasias e a dedicação do casal garantiram um desempenho digno.
Conjunto Visual
Destacamos a beleza do abre-alas, representando um grande terreiro de Candomblé e, igualmente, homenageando às festas populares e às mães que lutam por um mundo mais sustentável. A segunda alegoria, com a árvore do umbuzeiro, trouxe um simbolismo forte, representando a natureza como mãe e provedora. O desfile encerrou com a terceira alegoria, que celebrou a luta das mulheres por uma nova “mátria”, mais justa e igualitária.
Avaliação Final
A Arranco do Engenho de Dentro realizou um desfile digno e emocionante, que cumpriu o propósito de celebrar a força das mães e a diversidade da fé. A escola pode não estar entre as primeiras colocadas, mas certamente garantiu um desfile memorável, que honrou sua tradição e sua proposta.
Por fim, o desfile da Arranco transcendeu o carnaval, transformando-se em uma celebração mística da força feminina. A luz de Obìnrin (a luz das mulheres) iluminou a Sapucaí, guiando a escola em uma jornada que uniu ancestralidade, fé e resistência. Desse modo, a Arranco do Engenho de Dentro provou que, mesmo diante dos desafios, o samba e a força das mães podem alimentar o sagrado e inspirar a todos.