Na tarde de 11 de janeiro, um jovem se aproxima da portaria de um condomínio de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Após conversar com um funcionário, ele entra e, pouco tempo depois, sai do prédio com um comparsa. Em menos de 20 minutos, a dupla retorna e, com uma mala de mão, leva joias avaliadas em R$ 600 mil.
O mesmo padrão de ação se repete em outros bairros da Zona Sul, como o Leblon, onde a quadrilha se infiltra com facilidade, realizando furtos em plena luz do dia. As investigações da Polícia Civil, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), revelaram a atuação de uma quadrilha especializada que age em várias cidades do país, com destaque para a capital paulista.
Investigação revela a operação da quadrilha de furto
Imagens de câmeras de segurança ajudaram a identificar ao menos 12 membros da organização criminosa, que atua desde São Paulo, mas tem estendido suas atividades para outros estados, incluindo Rio de Janeiro e Paraná.
A quadrilha, formada por jovens de 18 a 22 anos, é altamente organizada e atua com precisão, escolhendo alvos com base em informações adquiridas na internet. Seus integrantes possuem um perfil variado, e nem todos têm passagem pela polícia, o que torna suas ações ainda mais difíceis de rastrear.
Ação minuciosa: como a quadrilha escolhe suas vítimas
A atuação do grupo começa com uma pesquisa detalhada sobre os moradores de bairros nobres, como Leblon, Ipanema e Jardim Botânico, onde se concentram apartamentos de alto padrão. Eles coletam dados de veículos de luxo, como BMWs, e, a partir das placas, identificam os bairros e endereços das possíveis vítimas. O foco são os períodos de férias e feriados prolongados, quando os moradores costumam viajar, deixando seus imóveis vazios.
A abordagem dos criminosos é meticulosa: eles se misturam à rotina do bairro, caminhando calmamente pelas ruas e simulando ações triviais, como um passeio ou uma pausa para uma cerveja. Quando se aproximam dos alvos, aguardam o momento certo para agir.
Furtos com a ajuda de olheiros e traficantes
As invasões são realizadas geralmente por duplas, que se dirigem aos prédios e, se necessário, arrombam portas com ferramentas simples. Além de joias e relógios, os criminosos evitam roubar aparelhos eletrônicos rastreáveis, como celulares e laptops.
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Um olheiro, muitas vezes em trânsito nas imediações, garante a segurança da ação e alerta os criminosos sobre qualquer movimentação suspeita.
A quadrilha também mantém relações com traficantes da Zona Oeste do Rio, especificamente da Vila Vintém, onde os itens furtados são revendidos. Em troca, os criminosos recebem dinheiro e abrigo nas favelas. Após os furtos, o grupo retorna a São Paulo ou segue para outras capitais em busca de novos alvos.
Investigação da Polícia Civil leva à prisão de membros do grupo
A Polícia Civil iniciou as investigações após uma tentativa de furto no Jardim Botânico, em que um casal foi flagrado tentando entrar em um prédio. O vídeo da tentativa viralizou nas redes sociais, levando as autoridades a identificar os membros da quadrilha e os veículos utilizados. Em sequência, a organização criminosa tentou outras invasões, inclusive na Zona Norte do Rio, mas foi frustrada em algumas delas.
Com o apoio da PRF, a polícia conseguiu prender um dos integrantes em flagrante, em 23 de janeiro, com R$ 7 mil em dinheiro proveniente da revenda das joias. Além disso, as investigações seguiram para o Paraná, onde o grupo também cometeu furtos. Um dos carros usados na fuga capotou na BR-116, levando à prisão de mais membros.
Medidas preventivas: segurança em condomínios
Com a crescente atuação desse tipo de crime, é essencial que os condomínios adotem medidas de prevenção mais rigorosas. A delegada responsável pelas investigações sugere que os sistemas de entrada sejam aprimorados, com a obrigatoriedade de identificação dos visitantes diretamente com o morador, evitando a entrada de pessoas não autorizadas. Além disso, é recomendado reforçar a segurança física e eletrônica, principalmente em áreas mais vulneráveis.
A ação coordenada entre diferentes forças de segurança tem sido fundamental para desmantelar quadrilhas especializadas nesse tipo de crime. No entanto, a continuidade das investigações e o aumento da vigilância nos bairros de alto padrão são essenciais para evitar novas ocorrências.