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Operação Policial na Fiocruz deixa morto, feridos e gera indignação na entidade

Operação Policial na Fiocruz deixa morto, feridos e gera indignação na entidade

Operação Policial na Fiocruz deixa morto, feridos e gera indignação entre diretores e trabalhadores da entidade, invadida por policiais à paisana, segundo informações | Reprodução

O Campus Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tornou-se alvo de operação policial realizada pela Polícia Civil, nesta quarta-feira (8), com agentes à paisana, que resultou na morte de, pelo menos uma pessoa. A princípio, a identidade da vitima fatal correspondia com a do gerente do tráfico na Favela do Mandela, que integra o Complexo de Manguinhos. Conforme informação da própria Fiocruz, a ação da polícia  aconteceu rua que beira o rio Faria-Timbó.

A ação, com incursão dentro do campus, faria parte da Operação Torniquete, da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ), cujo objetivo consiste em combater o roubo e a receptação de cargas. Para tanto, o objetivo das operações consiste em enfraquecer o financiamento de facções criminosas.

Na região do Campus Manguinho da Fiocruz, estão localizados o Centro Hospitalar do Instituto Nacional Evandro Chagas, assim como a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Neste último local, em especial,  circulam professores e alunos do ensino médio.

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Apesar dos números apresentados pela Polícia Civil, no que se refere à apreensão de drogas, armas e prisão de pessoas, a Fiocruz e o sindicato dos trabalhadores da instituição criticaram duramente a operação. Principalmente, em razão dela ter acontecido sem nenhum tipo de aviso prévio. Afinal, constitui fato notório que a Fiocruz se trata de instituição de pesquisa e difusão de ciência e tecnologia. E tem reconhecimento internacional nesse sentido.

Diretor da Fiocruz Critica Polícia

Juliano Lima, diretor-executivo da Fiocruz, classificou como “muito grave” o episódio, afirmando que toda a ação da Polícia Civil ocorreu de forma arbitrária, sem autorização ou comunicação com a Fiocruz. Ele lembrou que a instituição já vive, recorrentemente, situações de risco em virtude dos conflitos armados que ocorrem no seu entorno.

“É a primeira vez que ocorreu o ingresso sem comunicação e sem autorização de agentes da polícia civil no campus Manguinhos. A troca de tiros colocou em risco a vida de trabalhadores, estudantes e usuários dos nossos serviços”, afirmou.

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A situação suspendeu diversas atividades na Fiocruz. Houve impacto nos atendimentos realizados no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (Ensp/Fiocruz). Estudantes e adultos que visitavam o Museu da Vida, estiveram frente a frente com a morte, pois tiveram que se abrigar em locais seguros até que houvesse a retirada deles do local em segurança. Em meio a troca de tiros, nada restou aos trabalhadores da Fiocruz senão ficar agachados ou deitados sob suas mesas. 

Enfim, o expediente terminou às 13h30, com a saída dos trabalhadores pela portaria da Avenida Brasil, mediante o uso do transporte coletivo às 15h. Em 0suma, 51 ônibus evacuaram 2.346 pessoas – 46 pessoas em média por veículo.

Ação arbitrária

A Fiocruz repudiou a operação, afirmando que agentes descaracterizados entraram em suas instalações sem autorização prévia. Durante a ação, uma bala atingiu o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, onde são produzidas vacinas. Estilhaços feriram uma funcionária, que recebeu atendimento médico. Entretanto, a polícia alega que esse disparo veio de uma arma disparada por indivíduos ligados à facção que atua na região.

“Lamentamos muito pela trabalhadora de Bio-Manguinhos, atingida pelos estilhaços, e por todos os demais trabalhadores que tiveram que viver essa situação no dia de hoje. Estamos buscando interlocução com as autoridades de segurança do estado do Rio de Janeiro para tratar do assunto com a máxima urgência”, complementou Juliano.

Projétil atinge o vidro da sala de Automação, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), fábrica de vacinas da Fiocruz | Divulgação/Fiocruz

Projétil atinge o vidro da sala de Automação, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), fábrica de vacinas da Fiocruz | Divulgação/Fiocruz

Além disso, um supervisor de vigilância do campus foi detido sob suspeita de colaborar com criminosos em fuga. A instituição classificou a ação como “arbitrária”.

“O vigilante fazia o trabalho de desocupação e interdição da área como medida de segurança para os trabalhadores, alunos e demais frequentadores do campus, no momento da incursão policial, e foi acusado de dar cobertura a supostos criminosos que estariam em fuga. A Fiocruz não tem informação sobre as alegações”, disse a Fundação, em nota.

As buscas continuam por dois suspeitos baleados que caíram no rio da região. Equipes de mergulhadores trabalham para localizá-los. Um terceiro indivíduo, ferido nos confrontos, foi levado a um hospital. Seu estado de saúde não foi divulgado.

Operação Torniquete

Imagens registraram um veículo da instituição supostamente ajudando na fuga de criminosos. A investigação determinará se houve colaboração intencional. A polícia argumentou que traficantes costumam buscar abrigo em prédios públicos, citando, como exemplo, um episódio de 2011 na própria Fiocruz.

“A investigação que se inicia a partir disso vai apontar se houve colaboração espontânea com o tráfico de drogas, uma vez que imagens mostram um veículo a serviço da instituição auxiliando na fuga de criminosos”, diz a PCERJ.

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Repúdio

O Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc) criticou a operação, apontando riscos à segurança física e emocional de funcionários, pesquisadores e pacientes. Segundo a entidade, em nota, havia crianças no campus participando de atividades da Colônia de Férias, o que agravou a situação.

“Estiveram sob ameaça centenas de frequentadores do campus, como fornecedores, consultores e pesquisadores externos, além da imensa maioria de pacientes que buscam atendimento, bastante vulneráveis, inclusive idosos e bebês. Como agravante, estavam no campus dezenas de crianças, filhos e filhas de servidores, que participam da Colônia de Férias do sindicato”, registra o texto.

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