Telecirurgia Brasil-Kuwait bate recorde mundial e entra no Guinness
Telecirurgia Brasil-Kuwait bate recorde mundial e entra no Guinness | Divulgação/Sociedade Brasileira de Hérnia
Uma telecirurgia robótica realizada entre o Hospital da Cruz Vermelha, em Curitiba, e o Hospital Jaber Al-Ahmad, no Kuwait, foi reconhecida pelo Guinness Book como a operação mais distante já realizada. O procedimento, realizado em 3 de outubro, ocorreu a 12.034,92 km de distância entre o médico brasileiro Leandro Totti e o paciente.
O recorde anterior era de uma cirurgia entre Casablanca, no Marrocos, e Xangai, na China. No mesmo dia, uma equipe do Kuwait realizou o inverso: operou um paciente local enquanto estava em Curitiba. Ambas as operações foram concluídas com sucesso, estabelecendo a primeira experiência mundial de telecirurgia robótica em dupla direção (Brasil-Kuwait e Kuwait-Brasil).
O projeto foi idealizado por Marcelo Loureiro, fundador do Scolla Centro de Treinamento Cirúrgico, referência em cirurgias minimamente invasivas. Ele ressalta que o objetivo principal não era o recorde, mas demonstrar a capacidade tecnológica do Brasil em telecirurgia.
“Em um país de dimensões continentais, a telemedicina é essencial. Permite que um cirurgião em Curitiba atenda pacientes do Norte e Nordeste sem precisar viajar”, destacou Loureiro.
O procedimento escolhido para o projeto foi o tratamento de hérnia inguinal, considerado simples e seguro. A hérnia ocorre quando parte do intestino ou outro tecido abdominal atravessa uma área enfraquecida da parede muscular da virilha, podendo causar dor, desconforto ou complicações graves como obstrução intestinal.
Segundo Sandro Scolari Filho, diretor técnico do Hospital da Cruz Vermelha, a recuperação do paciente foi tranquila, e após 11 dias ele já não apresentava dores ou restrições.
O projeto vinha sendo desenvolvido há cerca de dois anos. Em agosto, testes foram realizados com a retirada da vesícula de um suíno em Cascavel, comandada remotamente por um médico em Campo Largo.
A tecnologia utilizada incluiu o robô cirúrgico MP1000, da Edge Medical, avaliado em R$ 10 milhões, e a conexão entre os hospitais foi viabilizada pela Ligga Telecom, garantindo baixa latência e alta estabilidade na transmissão de dados.
O Guinness destacou que as cirurgias reforçam a viabilidade da colaboração global em cuidados cirúrgicos e estabelecem um novo padrão na cirurgia robótica remota.
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