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Violência contra LGBTQIA+: Ato na Lapa cobra justiça e políticas educativas

Manifestantes seguram cartazes contra a violência contra LGBTQIA+ e feminicídio nos Arcos da Lapa, Rio de Janeiro.

Ativistas em ato contra a violência contra LGBTQIA+ na Lapa, Rio de Janeiro. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Por Angélica Carvalho, do RIO DE JANEIRO, às 9h20 — Um grito por sobrevivência ecoou nos Arcos da Lapa neste domingo (21), transformando o calor intenso do Rio em um manifesto urgente contra a violência contra LGBTQIA+ e o ciclo de assassinatos de minorias no Brasil. A CasaNem — centro de referência no suporte a pessoas trans — organizou a mobilização para denunciar a brutalidade dos crimes de ódio e a ausência de políticas públicas preventivas.

Casos que chocaram o país

A decisão de convocar o ato surgiu após dois episódios de violência extrema que vitimaram jovens trans este ano. Em primeiro lugar, no Espírito Santo, criminosos queimaram viva uma adolescente de 13 anos em via pública; ela segue internada em estado grave. Além disso, em Manaus, agressores espancaram até a morte o jovem Fernando Vilaça, de 17 anos, motivados por LGBTfobia.

Para Indianarae Siqueira, fundadora da CasaNem, esses casos reforçam que a punição isolada não resolve o problema. Portanto, ela defende que o Estado deve estabelecer o combate ao preconceito já na alfabetização.

“Precisamos educar as pessoas na base, nas escolas e em casa”, afirmou Indianarae.


Redes de apoio e mudança de vida

Apesar dos desafios, o evento também destacou histórias de resiliência. A MC Raica, por exemplo, utilizou sua arte para retribuir o suporte que recebe das instituições. Atualmente, ela celebra a conquista de um trabalho formal.

“Hoje, trabalho de carteira assinada e saio da prostituição aos poucos. Vivemos outra realidade e não podemos desistir”, relatou Raica.

Do mesmo modo, Lohana Carla, do Instituto Trans Maré, reiterou que o acolhimento jurídico e psicológico salva vidas. No entanto, ela alerta que a sociedade ainda caminha a passos lentos na garantia de direitos reais, para além do discurso.


O retrato estatístico da barbárie

Os números confirmam a gravidade da situação apresentada pelos movimentos sociais. Consequentemente, os dados do Atlas da Violência 2025 servem como um alerta para as autoridades:

Indicador CríticoDados Registrados
Frequência de ÓbitosUma morte violenta de pessoa LGBTQIA+ a cada 30 horas.
Aumento de AgressõesCrescimento de 1.227% contra a população LGBTQIA+ em dez anos.
FeminicídiosMais de mil mulheres assassinadas por questões de gênero em 2025.

Por fim, o Brasil mantém o triste título de país que mais mata pessoas trans no mundo pelo 17º ano consecutivo. A manifestação na Lapa reforçou que a luta por segurança pública deve ser acompanhada por verbas para proteção e leis que criminalizem efetivamente a misoginia.



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