Círio Fluvial reúne milhares de fiéis em Belém e celebra a fé amazônica

Círio Fluvial reúne milhares de fiéis em Belém e celebra a fé amazônica | Marcello Casal/Agência Brasil
A romaria do Círio Fluvial tomou conta das águas de Belém na manhã deste sábado (11). A imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré seguiu do Trapiche de Icoaraci até a Escadinha da Estação das Docas, conduzida pelo navio Garnier Sampaio, da Marinha do Brasil.
Cerca de 50 mil pessoas e mais de 400 embarcações acompanharam o cortejo, um dos mais emocionantes momentos da programação do Círio de Nazaré.
Emoção e fé nas águas da Baía do Guajará
O percurso de 10 milhas marítimas (18,5 km) durou cerca de duas horas e terminou com honras de Chefe de Estado, em respeito à padroeira do Pará e Rainha da Amazônia. Desde 1986, o trajeto combina fé, devoção e a beleza do rio emoldurado pela capital paraense.
Na véspera, a procissão rodoviária percorreu 52,3 km sem incidentes, antecipando a sequência de celebrações que segue com a moto romaria e, à noite, a Trasladação, que prepara o grande evento de domingo.
O maior ato de fé do Brasil
Neste domingo (12), o Círio de Nazaré chega à sua 233ª edição, com expectativa de mais de 2 milhões de fiéis. O evento, considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, acontece às vésperas da COP-30, reforçando o simbolismo da fé amazônica em tempos de debate ambiental.
Casa de Plácido: acolhimento e solidariedade
A Casa de Plácido mantém viva a história do agricultor Plácido José de Souza, que encontrou a pequena imagem da santa no século XVIII. O espaço, símbolo de acolhimento e doação, recebe caravanas de romeiros que buscam descanso e atendimento médico durante a celebração.
Segundo Maria da Conceição Rodrigues, coordenadora da acolhida, 530 voluntários trabalham em revezamento para atender cerca de 18 mil pessoas.
“Temos médicos, pedreiros, estudantes e profissionais de várias áreas atuando com o mesmo propósito: servir com fé e amor”, afirma.
Arte que traduz a devoção paraense
A artista Aline Folha expressa nas cores e traços o espírito do Círio. Autora de mantos oficiais e coleções temáticas como Caminhos do Círio e Raízes de Fé, ela descreve o período como um estado de alma.
“Eu vivo o Círio desde o começo de outubro. O cheiro da cidade muda, a energia muda. É um tempo em que a gente sente a fé pulsar”, conta Aline.
Suas obras misturam aquarela, grafite e símbolos amazônicos, representando a maternidade, o acolhimento e a memória coletiva do povo paraense.
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