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Casos de coqueluche em crianças disparam e acendem alerta no Brasil

Casos de coqueluche em crianças disparam e acendem alerta no Brasil | Divulgação/Cesar Ferreira

O aumento de casos de coqueluche em crianças reacende o alerta das autoridades de saúde. A doença, que tem prevenção garantida pela vacinação, voltou a preocupar o país com números inéditos desde 2015.

Entre 2023 e 2024, o Brasil registrou mais de 2 mil casos da infecção em menores de cinco anos, segundo o Observatório de Saúde na Infância. O crescimento ultrapassa 1.200% em relação à média dos anos anteriores.

Desse total, 665 crianças precisaram de internação e 14 morreram, superando as mortes somadas dos últimos cinco anos.

“Como explicar tantas mortes por algo totalmente prevenível?”, questiona Patrícia Boccolini, coordenadora do Observatório.

Ela afirma que a desigualdade na cobertura vacinal ainda impede o controle da doença.

Desigualdade vacinal amplia o risco

Mais da metade dos casos de 2024 ocorreu em bebês com menos de um ano. Eles também representaram 80% das internações, conforme análise da Fiocruz e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (Unifase).

Patrícia explica que os números nacionais mascaram desigualdades regionais.

“Enquanto alguns municípios atingem boas taxas, outros seguem com baixas coberturas. Isso abre brechas para surtos”, alerta.

Vacinação segue como principal defesa

O Ministério da Saúde aponta que 90% dos bebês e 86% das gestantes receberam a vacina em 2024, um avanço em relação a 2013. Ainda assim, o país não atingiu a meta de 95% de cobertura.

A proteção depende do esquema completo: três doses da pentavalente aos 2, 4 e 6 meses, além da aplicação da DTPa em todas as gestações. A imunização das grávidas cria anticorpos que passam para o bebê, garantindo defesa até a conclusão do ciclo vacinal.

Doença volta em ciclos e exige vigilância

Para o médico Juarez Cunha, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a coqueluche tem comportamento cíclico. “Mesmo com boa cobertura, ela retorna a cada década. Estamos diante de um novo ciclo”, explica.

Segundo ele, a inclusão da vacina para gestantes no Programa Nacional de Imunizações (PNI) aconteceu durante o último surto, há cerca de dez anos.

“Vacinar grávidas salva vidas, porque protege o bebê nos primeiros meses”, reforça.

Crescimento também atinge outros países

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) identificou 18 mil casos e 128 mortes por coqueluche nas Américas apenas em 2025. O aumento, portanto, não é isolado.

Especialistas apontam que a retomada dos ciclos naturais da doença e as falhas locais de imunização explicam o avanço global.

Retomar a confiança na vacina

Patrícia Boccolini lembra que o sucesso do passado pode ter reduzido o medo da doença.

“Muita gente nem sabe o que é coqueluche. Quando paramos de ver casos, paramos também de nos proteger. Espero que esses números despertem consciência”, afirma.

Com a retomada dos surtos, especialistas reforçam que a vacinação infantil e o alerta de saúde devem permanecer constantes. Afinal, a coqueluche continua sendo uma doença respiratória grave e totalmente prevenível.

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